sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

MAPIKO







Mapiko é o nome do "teatro" da Associação Cultural "Casa Velha". O Mapiko foi construído por trás do edifício principal da "casa velha", no espaço contíguo ao INDE ( instituto Nacional de Desenvolvimento da Educação) e Campus central da Universidade Pedagógica, na zona da Polana. Antes, no mesmo sítio, havia árvores de fruta. O teatro Mapiko, como se sabe, é o primeiro e único teatro a céu aberto construído de raiz no país depois da independência. O nome Mapiko foi "roubado" à dança emblemática do povo Makonde, intrépido povo guerreiro e de artes. os makonde habitam nativamente a zona planáltica de Cabo Delgado, norte de Moçambique.
O teatro Mapiko foi um dos epicentro da explosão de teatro verificada no país nos finais da década de oitenta e princípios da de 90. Foi no palco do Mapiko que a "casa velha" brindou o público de Maputo com inesquecíveis performances do "curandeiro a força" (adaptado de Moliere), "três pretendentes, um marido" ( oyono Mbyia), "antigona" ( Sófocles) de entre outras peças maravilhosas.
No Mapiko nasceram e fizeram-se estrelas actores, músicos,coreógrafos, dançarinos, técnicos de cenografia, ilunimotecnia,gestores de cultura, etc.
O mapiko desperta em muita gente saudades. Lembranças inolvidáveis. Histórias que sempre apetece reviver e contar. E chorar de emoção sempre que se evoca tal passado. O mapiko faz parte da vida de muita gente.
ps:
Amigo Lúcio ( lema), estamos juntos no resgatar da mística da Casa Velha e de todas as boas memórias.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

A ARMADILHA DA POBREZA ou a autarquia do xiquelene







Xiquelene é o nome que leva o mercado grudado à praça dos combatentes, cidade de Maputo, bem no (!) fim da avenida julius nyerere, no enfiamento da avenida das FPLM. Xiquelene significa (próximo ou onde há) buraco. Um buraco enorme( resultante de extracção industrial de areia). E na zona há muitos buracos. Agora a servirem de postos avançados da lixeira do Hulene. Essa zona está literalmente lixeirada.

Para variar, o coração da avenida julius nyerere deve estar a morrer de vergonha lá no seu íntimo. Não é que a mesma num extremo ( sul) acolhe os mais ricos restaurantes do país, atravessando também bairros correspondentes. No extremo norte ( xiquelene e companhia) afirma-se as maiores desgraças que a um ser humano pode calhar: pobreza e irrelevância.

Pois bem, o xiquelene é um mercado incrivelmente grande. Incrivelmente importante na vida económica, social e financeira da cidade.

  • Só a baixa da cidade bate o xiquelene na concentração de bancos por quilómetro quadrado: o BIM, tem lá um balcão; a socremo; o icb e mais recentemente o banco procredit.

  • as secções de ferragens, madeira e graos do mercado xiquelene são abastecidos continuamente por abarrotados camiões cavalos;

  • a terminal de chapas do xiquelene só pode ser suplantada pela do Museu e Victoria, na cidade de Maputo;

  • grande parte dos jovens recém-formados vive a norte do Xiquelene , nos bairros novos de Ferroviário, CmC , Laulane, Albasine,Militar, guava, habel Jafar etc, o que origina um trânsito impressionante, sem fim de semana..

Entretanto, no xiquelene não há casa de banho pública; não há agua canalizada; não há lugar com higiene para as milhares e milhares de pessoas que passam por ali comerem e lavarem as mãos. E pior, o mais grave, o país empobrece ali, ajoelha-se e desmobiliza-se. Uma parte substancial do dinheiro produzido no país é todos os dias destruido ali. Eu pelo menos, tenho a certeza de estar a gastar muito dinheiro, partindo o meu carro todos os dias no Xiquelene. Os machimbombos dos ministérios também. Os carros dos polícias. Dos ricos que vão às quintas, machambas e curandeiros em Marracuene, idem. Os novos machimbombos dos TPM, quebram-se ali. Será que não dá para ver isso? Doí muito. e chateia também. E aquele pessoal que vende ou "está" ali no Xiquelene funciona como autarquia: tem regras e esquemas próprios. Olha os outros com raiva. Insulta e exulta de alegria quando um carro do estado esmaga-se num buraco nas águas cheias de matope. tapa os buracos sozinho. Equaciona engenharias para drenar as águas sujas. Montou sistemas próprios de alimentação e água. Manieta a Polícia esfomeada cujo posto está no coração do Xiquelene. Exerce a cidadania com muita dignidade. Enquanto não surge um novo 5 de Fevereiro...

Amosse, Modaskavalu e o marginal da marginal




Numa das postagens de Dezembro reportei sobre a marginal da cidade de Maputo e os desenhos que alguém teima em colar em frente ao Ministério dos Negócios Estrangeiros. O amigo Amosse, em comentários, trouxe informação adicional bastante preciosa. Ilucidativa. Com a devida permissão, deixo aqui o past e copy do comentário.
Meu caro, ja tive o mesmo questionamento que o seu, e para mata-lo tive que fingir estar a pescar exactamente naquele lugar durante bons dias, ate que descobri que quem escreve e posta os mesmos, 'e um indigente, que fica deitado, mesmo ao lado dos seus escritos. na verdade, tenho a impressao que ele guarnece o "seu mural". a ideia de desabafos a mim tambem me ocorreu, porem, venceu mais o da frustracao, porque aquele, nao me parece de todo louco. e se for o ilustre a prestar a devida atencao, vai encontrar em alguns escritos, verdadeiras parabolas, de alguem que ate viajou pelo mundo. (em algum escrito, acabaei me apercebendo que o tipo era casado com uma europeia caucasiana), agora o motivo da frustracao? confesso-te que nao sei, a motivacao para escrever?penso que 'e de que nao quer partilhar o dialago, senao, dizer as coisas somente.
Muito obrigado amigo amosse macamo, editor de um blog peculiar, bastante interessante mesmo, dedicado à música moçambicana. Recomendo pois que visite o www.modaskavalu.blogspot.com

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

scala:truz-truz







O cine-scala, na baixa da cidade de Maputo, é por demais conhecido. É uma sala de projecção de cinema. Que também acolhe o cine-clube.Funciona no mesmo local a promédia. As circunstâncias fizeram do local um marco cultural giro. Incontornável. Porém, nos últimos tempos, andava ali uma pouca vergonha. O café no andar térreo havia dado lugar a uma porquice sem igual ( aliás, comparável a do prédio pott ali ao lado). Há umas semanas, supreendi-me maningue. Há por ali obras. Limpou-se a trampa toda e toc-toc toda a hora.
Como não vi nenhuma placa a explicar de que obra se trata, lá me arranjei e ajeitei, engraxando o sapato. Sem cerimónias, comentei para o engraxador:
eu: finalmente, vocês as pessoas que fazem negócios na esquina deixarão de sentir o cheiro ( apontando as obras)...
o engraxador: hã...o cheiro já acabou... passamos mal aqui. Os marginais vinham cagar,mijar e dormir aqui.
eu: e estão a fazer o quê?
engraxador: vão fazer três lojas. Scala ( o café, presumo), loja de roupa e outra que não sei.
Calei-me. no fim paguei 10 meticais e fui-me embora.

1000 1000 1000 1000 1000 1000 1000 1000

Às 22h08 de hoje, 13 de janeiro de 2009, o contador de visitantes marcou 1000. 1000 amigos tenho. 1000 amigos somos. E a tão magrinheza do quase gordo número é o prémio da preguiça. Mas dá para festejar, a carência evidente. E resolvi revolver o passadinho. E trago-vos o meu compromisso. Assumido num primeiro texto no dia 4 de Setembro, do tão longícuo 2008.
Neste blog não tenho um alvo específico. Falarei de tudo um pouco. Muitos comentários, devaneios. Mas, principalmente, e de forma apaixonada, vou trazer as minhas constatações, fruto de observação do dia a dia. Vou trazer a imagem do que os meus olhos vêem e os sons que os meus ouvidos ouvem na rua, nos mercados. Vou partilhar as minhas experiências enquanto agente e sujeito social.Na excitante condição, como está na moda agora dizer-se, de parte da base. À paisana, como nasci e existo.Trarei também alguns artigos que fui escrevendo enquanto palestrante ( ou workshopista militante) e colaborador de alguma imprensa nos finais da década 80 e durante a seguinte.Assim colocadas as coisas, está claro o meu desejo de andar para o futuro de mãos dadas com o passado.Ou seja, viverei também de esgaravatar a minha memória danjaquiana, o meu CV, recuperando coisas do meu passado, um pouco para cumprimentar amigos e acontecimentos que não faz mal recordar e partilhar.E mesmo no finzinho, trarei, sempre que possível, algumas reflesons. Assim mesmo com s, pois o Machado, a quem peço emprestado o termo,assim mo deu a conhecer.Pois, por mais que não tente, a veia de radiofóno sempre se desesconde.Chamo-me António Miguel Ndapassoa. Para todos os efeitos.
PS:
Retomarei a publicação das reflexões muito em breve. Tenho também pendentes respostas a comentários ( do lúcio, amosse, sara, pota). Já sensibilizei alguns amigos para melhorias gráficas ao blog. Devo também algumas retribuições ( maarts; filipa) a amigos cibernautas que confiaram no blog e viram nele uma janela aberta para o nosso país.

domingo, 11 de janeiro de 2009

OLÁ VIDA







Em 2008, profissionalmente, deu-me mais gozo o programa "olá vida". Uma parceria entre o Pepfar ( iniciativa do presidente dos EU contra a sida) e a RM-EP. Aconteceu durante 8 meses seguidos, de Abril a Dezembro, ancorado nas delegações provinciais e Antena Nacional da Rádio Moçambique . Envolveu centenas e centenas de jovens em todo o país. foi uma verdadeira lição aos especialistas de saúde e de comunicação social . O programa consistia num desafio mensal lançado em todo o país. O desafio estava ligado a acções de luta contra a sida e pela vida.Assim, todos os meses, 44 jovens, 4 em cada província ( mais cidade de Maputo) lutavam por salvar o maior número possível de vidas, realizar o maior número possível de testes de hiv, reenquadrar o maior número possível de pessoas afastadas dos seus locais de residência, trabalho ou escola por causa do hiv-sida, etc, etc.

Em Setembro e Dezembro realizei nesse âmbito uma acção inovadora. Decidi afastar-me ainda mais dos clichés comunicacionais sobre hiv e fazer algo que também desse muito gozo. Surgiu assim o primeiro MISS FADM ( Forças Armadas de Defesa de Moçambique) no quartel do comando do exército, em Maputo. Em Setembro. Para Em Dezembro, precisamente no dia 1 , acontecer o MISS PRM( Polícia da República de Moçambique) nas instalações da ACIPOL ( academia de Ciências Policiais).

O meu muito obrigado a todas essas centenas de jovens. Aos colegas da Produção e técnica dos Emissores Provinciais e sede da Rádio Moçambique, do Ministério da Saúde, do Monaso; do cncs; da Jonhs Hopkins; aos membros do juri e outras muitas boas almas anónimas.E ao pessoal da Embaixada americana.
A sequência fotográfica que temos retrata a festa do primeiro Dezembro na Acipol. Houve futebol, Miss PRM ( que aparece na foto); música, dança, concurso e um almoço oferecido pelo PSI... e o Ministro do Interior participou também na emissão especial feita no local e transmitida na Antena Nacional da Rádio Moçambique.

ATÉ SEMPRE 2008


Duas semanas depois de iniciar o ano 2009, eis que me faço presente. Para também desejar muitos sucessos e saúde aos homens e mulheres de bem.

A minha última postagem data de 23/24 de Dezembro. DE lá à esta parte as crónicas rezam que a chuva tem castigado "intermitentemente" a nossa terra. Terra de caju e canhu . Repare-se que num certo "contexto" quando se fala de "caju", "canhu", está-se a falar da respectiva "beberagem". Muito apreciada. Não fosse esta a época de produção e consumo considerável das ditas "branquinhas". Falando nisso, não se lembra alguém da fauna "empreendedora" de montar uma frabriqueta para engarrafar e comercializar tais produtos tipo "canhu, caju, sura" etc?

As festas também já nos habituaram a cenas tristes como a que a foto das bichas desorganizadas de refresco e cerveja nos mostra. Isso apesar das despoduradas promessas de existência garantida de "stock" mas que para o povo nunca é suficiente. Estranho, não é?

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

MARGINAL




Marginal é a fronteira. Um marginal está na fronteira. Num certo limite. Depois do qual se entra numa dimensão estranha. A marginal também é uma fronteira. É um limite. Separa dois mundos. De um lado a terra firme e do outro a água, a fecundarem-se. Pois bem, a marginal da cidade de Maputo também é isso. E o marginal da marginal da cidade de Maputo faz a regra.

Bem em frente ao Ministério dos Negócios Estrangeiros, olhando a baía de Maputo, do outro lado a Catembe, alguém vive colando textos e desenhos. As mensagens ali expostas também são marginais. Li algumas. Vi alguns desenhos. Parecem desabafos. Ou recados desabafados. Para alguém, claro.Alguém tem mais informação sobre o facto? Conhece o autor? Vamos partilhar.

NATAL E PERIFERIA


Andei a espantar-me de rua em rua com o natal nos bairros periféricos da cidade de Maputo. Na última semana, moradores ( jovens, fundamentalmente) iniciaram a ornamentação das ruas e exteriores das residências. Material precário, reaproveitado ( os balõenzinhos de José Craveirinha). Tudo na fasquia do desenrasca. veja isso mesmo nas fotos . Numa , com um pouco de esforço vêem-se as bandeirinhas. Mas o o mais importante é compreendermos a "física". As condições e meio envolvente. Já noutra, nota-se melhor a ornamentação pública. Feita pelo público, em nome do poder que devia servir o público.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURA DE UMA RÁDIO PÚBLICA (3)

Identificação do auditório e selecção de língua
O auditório pode ser definido como o conjunto de indivíduos que partilham o social mas individualizados nas suas experiências, condição social, etc e localizados num determinado/conhecido meio geográfico e social e que acede em condições específicas a uma determinada programação (de rádio) e que de alguma forma condiciona essa mesma programação.
Por certo são conhecidas muitas outras definições de auditório. No entanto, preferimos esta por razões operacionais embora teorias muito em voga refiram-se à uma maior segmentação do auditório ( nichos) como causa-efeito de uma maior especialização do meio ( BELLANGER, 1992:125). Por isso, importa recordar que estamos a projectar uma rádio de serviço público de recorte eminentemente generalista. E uma rádio de serviço público generalista tanto pode ser nacional, regional ou local. Para o caso, vamos trabalhar num cenário nacional. Ou seja, embora fosse possível referenciar o auditório recorrendo a características específicas (sexo, idade, profissão, grau de instrução, local de residência, etc) que nos levasse ao mesmo resultado, vamos avançar em função de características macro-estruturantes, nomeadamente: espaço geográfico ( Moçambique) e língua transversal ( oficial-português). Esta formulação é mais prática quando se pretende trabalhar com um auditório em que as suas especificidades diferenciadoras não são perseguidas, mas concentra-mo-nos nas que a transversalizam : sua localização geográfica e a língua a usar na programação.
Serviço Público: que público?
É importante reter que não é o raio de cobertura do emissor ou a língua usada na programação ou ainda a identificação do auditório como sendo o "povo" moçambicano que transformarão esse canal de rádio num canal de serviço público. Usando o mesmo raciocínio, para países com características geográficas, sociais, culturais e linguísticas como Moçambique, deverá ser equacionado sempre se o serviço público será plenamente funcionalizado se o grau de exclusão for pronunciado. Ou seja é preciso articular convenientemente o facto de Moçambique ser um país extenso, com muitos acidentes geográficos. Por outro lado, não existe uma língua que seja simultaneamente maioritária em todas as províncias do País ( INE, 2003 e relatório do II seminário da padronização da ortografia de línguas moçambicanas, 2000). Daqui a questão de fundo ( definido o auditório: um canal, transmitindo numa língua) cumprirá devidamente o seu papel de um serviço público inclusivo ?
Respondemos não. Filosoficamente, teríamos um canal ( supra-canal conceptual) que na concretização materializar-se-á em diversos canais , de forma a cobrir as diferentes características fundamentais das comunidades que compõem o auditório. Assim, é difícil contornar a necessidade de existência de um canal de âmbito nacional em Língua portuguesa e outros canais regionais a transmitir nas correspondentes línguas locais mais expressivas. Como forma de cobrir a maioria do auditório seleccionado. Aqui, deve-se sublinhar o facto de as programações de todos os canais assim "paridos" responderem ao mesmo apelo de objectivos e caminharem de forma complementar na construção e gestão das suas programações, recursos, etc.
Não percamos de vista que no nosso exercício estamos a trabalhar com o canal nacional, em língua portuguesa, orientado para um auditório nacional e que seja a espinha dorsal nas estratégias e práticas de gestão da programação do "supra-canal" de serviço público. ( continua)

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

CASA VELHA




Não estou alheio às belíssimas mensagens/comentários dos meus amigos Ouri Pota (http://www.maosdemocambique.blogspot.com/) e sj sobre a casa velha. Estou costurando algumas coisas. já contactei outras pessoas que são verdadeiras bibliotecas e arquivos ( quando o assunto é Casa Velha). Entretanto, não resisto a partilhar mais uma foto. Uma nota final, salvo engano meu, a casa velha celebra mais um aniversário no dia 10 de Dezembro. Gostaria de partilhar memórias e comentários sobre o papel da casa velha na construção da cidadania ( foi assim que a amiga sj escreveu num comentário que pode ser lido neste blog). Ou sobre qualquer outra coisa. As portas estão escancaradas.

TV CHATISTAS

Ataco o CHAT procurando o óbvio. O que salta à vista. O que muito rapidamente mobiliza a atenção. E o chat revela-se então um universo. Um caleidoscópio. Algo verdadeiramente fabuloso nas suas costuras mais finas e nos debruados vistosos. Sem muito rigor, bastando para tal olhar para a tela, inicio o diálogo com o mundo dos chatistas. Afinal quem são os chatistas? porque escrevem as suas mensagens publicamente? O que escrevem? Quem os lê? Quando escrevem? Como se vê, há muitos atalhos por onde caminhar. Prefiro o mais rafeiro. O mais óbvio, como já terei dito. Deixei-me apaixonar pelos nomes dos chatistas. Pela maneira como os chatistas assinam as suas mensagens. Num segundo momento, perguntei-me como os chatistas escolhem os seus nomes? O que lhes impele? O que escondem ou revelam? Assim, e para já, deixo a seguir uma série de nomes. Escolhi-os por acaso. Era apenas importante que não fossem nomes comuns ( António, Teodoro, Ana, Miguel, por exemplo). A primeira recolha fi-la no dia 9 de Setembro, das 13h00 às 14h00. A segunda, foi mais recente, no dia 6 de Dezembro, das 16h00 às 17h00, na televisão KTV.

Rainha do deserto
PO3T4 ( Poeta)
Tsotsi
Mulher gata
Beleza Pura
O notável
$El incrível$
Poetisa
Pérola negra
Atrevido
Escrava da Paixão
Mulher Melancia
cansado
Doce Pecado
Honey Girl
bad Boy bifles ( mutante bom é mutante morto)
Olhox Azuix
Sugar Girl
malandro
Super Lindon@
bué fantástico
caramelo
suspeito zero
diablo
madona
Deixe a sua opinião, o seu comentário.

domingo, 7 de dezembro de 2008

AVIÃO-RESTAURANTE


O Boing que se vê nas fotos vai-se constituído símbolo de Lichinga. Neste momento compõe a linda paisagem do paraíso, um belo lugar situado há uns poucos quilómetros do centro da cidade de Lichinga( capital de Niassa, norte do País). Conta-se que engenhosas mãos e criativas mentes transformaram o interior do avião numa diferente sala de refeições. Veja-se os detalhes. Por exemplo os suportes.O avião parece ter pousado ali, suavemente. Embora se diga que o avião foi ali parar por ter "aterrado" fora da pista. de facto, do sítio onde o avião está agora à pista dista muito pouco.
Portanto, estou intrigado com o avião ali "estacionado" . E peço a quem conheça a história de como o avião da LAM foi ali parar que a partilhe. À guisa de extra, há um outro avião, ainda em Lichinga, no centro da cidade, próximo do Banco de Moçambique. Também na Beira conheço 2 aviões exibidos no centro da cidade.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURA DE UMA RÁDIO PÚBLICA(2)

Prossigo o exercício de construir um canal de serviço público, discutindo um dos elementos de base: a caracterização do auditório. Como disse no primeiro artigo da série, o resultado que se pretende é apenas " uma hipótese" e os ingredientes usados na receita são reais.
O estudo das audiências ocupa um lugar privilegiado nas teorias da "comunicação social". A literatura da área indica-nos que a valorização da audiência surge como superação e desenvolvimento dentro da communications research ( Wolf, 1985: 26) protagonizados, por exemplo, por um Lasswell ( 1948) que já se concentra nos efeitos e nos conteúdos, deixando para trás a perspectiva hipodérmica. O desenvolvimento do interesse sobre os efeitos leva a uma investigação mais aprofundada sobre a audiência, ora tomando-a como um universo compacto, uniforme, inanimado, ora progredindo em análise mais "atomizada", centrando mais no indivíduo; ora elegendo como núcleo de atenção as " massas dinâmicas" dentro da chamada indústria cultural ( Adorno, 1951: 3). O grande debate que se levanta então é sobre a caracterização do auditório, sua dinâmica interna e relacionamento com os media.
Para compreendermos o relacionamento entre o auditório e o media, tal como Meditsch ( 1999: 85) assumimos que a mediação do público ( auditório) está presente não apenas na etapa posterior à emissão, mas também numa etapa anterior, como a intencionalidade que a orienta.
No contexto de Rádio de Serviço Público esta mediação do público exibe três estágios, os quais agem simultaneamente sobre o esforço de desenho da programação: a) O Público, como cidadão; b)Competências dos gestores e decisores;c) dinâmica da sociedade.
O Público como cidadão: Nesta qualidade, a Constituição da República, a Lei de Imprensa, o Governo do dia e os Estatutos/mandato do SPR, configurados pela atitude do cidadão-povo, já definem com algum rigor, através da prescrição de perfil, objectivos " política linguística", o fram-work da programação. Competirá posteriormente aos gestores do serviço publico definirem uma estratégia que será aplicada pelos decisores e gestores do canal.
Competências dos gestores do canal: muitas vezes os gestores do canal baseiam as decisões na experiência ( saber fazer). O conhecimento daí obtido poucas vezes é pigmentado ou estruturado com base em análise de estudos de audiências ou outros conhecimentos científicos. A competência técnica individual substitui objectivos institucionais e o feed-back do auditório.
Dinâmica social:Os acontecimentos protagonizadas ou que envolvem as audiências interferem na consumação de uma programação. Este elemento é, portanto, circunstancial, mas condiciona continuamente as decisões dos gestores do canal. ( continua)

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

EMISSÕES REGIONAIS E BOLSAS LINGUÍSTICAS(4)

No último artigo analisamos a qualidade do sinal do Emissor Provincial da Rádio Moçambique- Nampula entre esta cidade e Pemba( capital da Província de Cabo Delgado). Na mesma ocasião, fizemos o contraste com o sinal de outros emissores provinciais que são nos mesmos locais sintonizados. Isto, como sabemos, na esteira de percebermos como deve a Rádio Moçambique lidar com o facto de uma determinada comunidade não conseguir sintonizar o " seu emissor provincial" ou a língua de tal comunidade não estar a ser usada no emissor provincial respectivo. Antes de lançar algumas hipóteses que conduzam a nossa discussão, vamos fazer uma breve visita à distribuição das línguas Moçambicanas pelos Emissores Provinciais, apalpando igualmente os contextos de estabelecimento de tal prática ou "política".
Como consequência de um interessante debate interno realizado por quadros da Rádio Moçambique, uma consultoria técnica, contratada pela Rádio Moçambique ( realizada pelos linguistas Bento Sitói, Julieta langa e Aurélio Zacarias Simango), em 1995, apresentou várias recomendações das quais vamos destacar as que se relacionam com a distribuição das línguas, o que assim se pode apresentar, menos o português:
atenção, siga a seguinte "Legenda"
Línguas usadas antes de 1997( em vermelho)
línguas usadas depois de 1997( em azul)

Niassa: CiYao; CNyanja;Emakhuwa C.Delgado: Shimakonde;Kiswahil;Emakhuwa;Kimwani ; Zambézia: Echuabo;Elomwe ; Nampula: Emakhuwa Tete: CiNyanja;CiNyungwe ; Sofala: CiSena; CiNdau; Manica: CiUtee; CiManyika;Cibarwe; Inhambane: XiTswa; CiCopi;GiTonga; Gaza:XiChangana; CiCopi; Maputo( desdobrou o XiTsonga em XiRonga e XiChangana)

Neste momento, em 2008, este quadro mantem-se válido. Nota importante é o facto de o emissor de Gaza ter iniciado emissões próprias apenas em 2002 (usando as línguas recomendadas pela consultoria já citada). Noutros termos, a Rádio Moçambique seguiu à risca as recomendações estabelecidas à excepção do seguinte: não introduziu a língua Sena ( Zambézia e Manica) e o Emakhuwa na Zambézia. Pois, ainda que de forma não firme, a língua sena já é utilizada no Emissor Provincial de Tete. E, fora de todas as conjecturas, o Emissor Provincial de Inhambane transmite um serviço mínimo em Ndau ( tal e qual o sena em Tete). A pergunta que fica no ar é: a Rádio Moçambique vai ou não introduzir as línguas recomendadas ( incluindo a utilização mais esclarecida do sena em Tete)? Caso não o faça, que razões estarão a condicionar tal (falta de) decisão ? ( continua)

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

TV- CHAT


Nos últimos anos o chat tem conquistado continuamente mais e mais adeptos à medida que o computador e a internet vão consolidando o seu reinado nos hábitos das pessoas. Aliás, muitos especialistas vão mesmo demonstrando que o chat é o factor mais viciante no computador. E nisso não há idade nem classe social que escape. para estarmos a conversar sobre as mesmas coisas, fui ao site da Porto Editora e trouxe esta bela e exacta definição de Chat: nome masculino; forma de comunicação à distância em tempo real, por meio de computadores ligados à Internet. (Do ing. chat, «id.»)
No nosso país, onde o computador e a Internet ainda são para uma minoria urbana ou urbanizada, e aproveitando o boom que a televisão está a registar, os engenheiros do negócio estabeleceram um paralelismo entre estes dois media ( televisão e computador) e tiraram o chat do computador para a tela da televisão. Foi assim que de uma assentada a TVM, A TVMiramar, a STV e a KTV inauguraram o negócio do chat. Hoje, pouco mais de 24 meses da febre do TV-Chat, apenas a KTV e a TVM mantém o negócio. Não tenho conseguido ver os chats da STV, da TVMiramar e da TIM.

RASTAFARI ( fim)

Alguns leitores do blog tem-me perguntado quando retomo ou concluo a série de artigos sobre os rasta. Em boa verdade, o terceiro artigo é o último. Deveria ter indicado isso claramente aquando da postagem do artigo número três. Já agora, vou também contextualizar a produção dos artigos e justificar a postagem.
A peça sobre os Rastafari escrevi-a em 1994 após regressar de uma viagem a Harare ( capital do Zimbabwe). E publiquei-a num jornal da praça do qual era colaborador. Assim, do meu maltratado arquivo, resgatei uma parte substancial do artigo. Voltando à viagem, nela pude conviver mais profundamente com uma comunidade rasta. Tinha sido a primeira vez que o fazia.
A foto que ilustra este texto é do meu colega e amigo Eduardo Tocoloa. Locutor da Rádio Moçambique, Lichinga ( capital da província de Niassa). Mostrei-lhe os artigos. leu e gostou. Ele esclareceu-me que era rasta. E que apenas seguia o básico. Nomeadamente, a aparência e, o mais importante, segundo ele, o pacifismo: nada de violência e desonestidade.
Gostei.


sexta-feira, 28 de novembro de 2008

ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURA DE UMA RÁDIO PÚBLICA

Pretendo iniciar uma digressão arrojada e longa pelo universo da teorização sobre o SPR ( serviço Público de Radiodifusão) . Para começar, um aperitivo, brindo-vos com umas largas e apressadas pinceladas sobre o assunto. Trata-se de um texto no qual construo os fundamentos para uma hipotética rádio pública. A simulação tem como cenário Moçambique. Os dados utilizadas são, contudo, reais.
Mais especificamente, vamos tratar da rádio pública, procurando apresentar uma proposta de modelo de organização e estruturação. Importa, num primeiro momento, estabilizar dois conceitos que, a nosso ver, tem sido tratados de forma "flexível": serviço público de radiodifusão (SPR) e Rádio Pública. Aqui , e muito rapidamente, importa estabelecer que SPR é uma construção hiperonímica que pode desencadear e cobre uma determinada realidade, por exemplo, e no nosso caso, Rádio Pública. Assim, utilizaremos Rádio Pública no sentido de canal.
A partir daqui fica claro que quando se fala, por exemplo, de sustentabilidade financeira de uma Rádio Pública ou Canal de Rádio de Serviço Público detido por um SPR, não se está a imputar o ónus disso ao canal , uma vez que o canal em causa apenas concretiza um serviço muito específico de radiodifusão: uma emissão de " serviço público". Noutros termos, o serviço público que é constituído através de uma empresa ( pública) é que deve providenciar a sua sustentabilidade financeira. Olhando para a nossa realidade, significa que o canal de serviço público por excelência em Moçambique ( Antena Nacional e Emissores Provinciais da Rádio Moçambique- Empresa Pública) não tem como missão primária e exclusiva auto-financiar-se. A Empresa "Rádio Moçambique-EP" é que tem tal função. Finda esta pequena digressão por algo aparentemente marginal voltemos à construção da nossa hipotética rádio pública, analisando as questões relativas à audiência. A quem se destina a Rádio? Quem a ouve?
I. o auditório
Vamos considerar três aspectos: a) peso do auditório na programação; b) identificação do auditório; c) línguas de comunicação. Destes três aspectos, o comandante é a identificação do auditório. Este aspecto corresponde à uma formulação teórica, geral, enquadrada nos estudos sobre a audiência e na sua relação com os conteúdos. Por outro lado, a identificação do auditório está relacionada com os decisores num determinado meio sócio-geográfico e histórico. Ou seja, antes de analisar o peso do auditório ( alínea a) numa programação, exige o rigor metodológico que discutamos previamente, pelo menos, quem é esse auditório.(continua)
Nota:
A bibliografia será apresentada no fim.

PONTE SAMORA MACHEL
















A ponte Samora Machel tem tudo para ser famosa. Pelos melhores motivos. Deve o seu nome a uma personalidade muito querida a muita boa gente; atravessa um dos maiores e dos mais famosos rios de África. Une as duas partes da cidade de Tete, a mais quente das cidades moçambicanas. Ultimamente, porém, a ponte tem sido notícia pelos piores motivos: há registos frequentes de suportes da ponte que rebentam. E enquanto não se tomam medidas mais sérias, paliativos vão sendo aplicados. De entre os quais, a colocação de suportes alternativos. Veja-se a sequência de fotos que se seguem.Frescas da semana passada.

0,5 DIAS DO MÊS SÃO 15 DIAS?


Perguntei a duas pessoas como interpretavam o vírgula 5 do 5 Meses da placa de informação na foto. A resposta veio rápida e segura: o ,5 significa metade do mês. Ou seja, deve-se ler assim: Prazo de execução: 5 meses e meio ( significando o meio 15 dias e não meio dia). ambas pessoas riram-se meio intrigadas com o facto.