sexta-feira, 20 de março de 2009

ASCENSAO E QUEDA DO FUNDAMENTALISMO DE MERCADO

Aqui fica a primeira parte de mais este atento olhar sob um tema de actualidade.
ASCENSÃO E QUEDA DO FUNDAMENTALISMO DE MERCADO
(Obama e a Necessidade de se Vigiar o Mercado)

Por: Andes Chivangue
[1]


FREE MARKET
[2] E O FUNDAMENTALISMO DE MERCADO

Durante estas quase duas décadas o paradigma económico dominante foi o neoliberalismo. Esta abordagem ganha contornos de algum extremismo a partir dos anos 1980, com a ascensão de Margaret Thatcher na Inglaterra e Ronald Reagan nos estados Unidos da América. Com estes dois líderes mundiais os princípios liberais foram assumidos e implementados à letra, de tal sorte que hoje, em muitos fora, é unânime a ideia de que os seus apóstolos depositaram uma fé cega no mecanismo de mercado e na sua suposta magia. Os efeitos desta atitude foram tão adversos – e continuam – que autores como Soros e Stiglitz passaram a designar este grupo de neoliberalistas por fundamentalistas de mercado.

Os adeptos desta abordagem, normalmente ligados ao Fundo Monetário Internacional (FMI) e Banco Mundial (BM), argumentam que o interesse comum é muito mais bem servido pela busca desenfreada do interesse próprio. Sustentam a todo o custo a convicção de que os mercados se auto-regulam, sendo essa a justificação para procurarem abolir o processo de tomada de decisões colectivas e impôr a supremacia dos valores do mercado sobre os valores sociais e políticos (Soros, 1999: 20 e 75).

Esta forma de interpretar o papel da economia poderá estar ligada à questão do método ou modelo de análise. Muitas das correntes de pensamento económico anteriores ao Market Friendly
[3] eram entusiastas ferrenhas do homo economicus e do individualismo metodológico. Estas duas representações esquemáticas de estudo do comportamento do homem transportam consigo a carga desvantajosa de serem demasiado abstractas e apartarem-se da realidade (talvez resultado do dedutivismo exacerbado que lhes é característico, sobretudo para o caso do homo economicus). É assim que se passa a olhar o egoísmo individual como uma das peças da engrenagem que promove o crescimento económico.

A partir dos seus pressupostos teórico-metodológicos advieram males como a divinização do mercado e a total aversão a qualquer tipo de intervenção do Estado na economia, encontrando-se aí uma das razões por que advogaram políticas de encurtamento do aparelho estatal. Por outras palavras, pode-se afirmar que os fundamentalistas de mercado assumiam o conceito de free market na sua total e mais restrita acepção.


MUDANÇA DE ABORDAGEM

Foi o insucesso das medidas preconizadas pelos fundamentalistas de mercado que, nos anos 1990, forçou uma série de revisões promovidas pelo BM, desenvolvendo-se assim a abordagem do Estado Amigo do Mercado. Esta vertente é consubstanciada por três relatórios importantes, nomeadamente World Development Report (1993), The East Asian Miracle (1993) e World Development Report (1997).

O primeiro traz consigo a ideia de que a questão fulcral já não é a minimização ou eliminação da intervenção do Estado na Economia mas sim a necessidade de uma complementaridade “saudável” entre o Estado e o mercado. O segundo relatório acrescenta ao debate o facto de intervenções selectivas no mercado poderem melhorar o seu funcionamento e impulsionar o crescimento económico. O relatório de 1997 enfatiza a qualidade e não quantidade, ou seja, a eficácia e não a dimensão do Estado (Estêvão, 1999: 7–8).

Sobre esta evolução do pensamento neoliberal, Stiglitz resume de forma simples mas concludente, quando afirma que há intervenções do Estado que são desejáveis e que têm o condão de melhorar a eficiência do mercado. Pode-se, num certo sentido, entender muitas das actividades fundamentais do estado como respostas aos erros do mercado (2002, 117).

Na verdade, estes ventos de mudança, que são intensificados com a crise asiática, vêm recuperar o manancial teórico produzido pela escola de Friburgo, na Alemanha, nos anos 1940. Algumas das questões bastante discutidas por Eucken – seu precursor – estão intimamente ligadas ao problema da neutralidade e do modelo de análise. Traz a ideia de que enquanto a economia for uma ciência cujo objecto de estudo se centra no comportamento dos indivíduos face à raridade de bens e satisfação de necessidades, o economista estará sujeito a emissão de juízos de valor. No tocante ao método ou modelo de estudo em economia, em vez do individualismo metodológico, a escola de Friburgo é pelo individualismo pluralista.

Para Eucken, o individualismo metodológico é deficiente porque se preocupa apenas com grandezas supra-individuais, marginalizando sistematicamente uma parte substancial da realidade económica. Este autor propõe o individualismo pluralista a partir da assunção de que:

os indivíduos procuram, sempre e em toda a parte, nos seus planos económicos e, por conseguinte, na sua actuação atingir um determinado objectivo com a menor aplicação possível de valores. (...) O princípio de economia não tem nada a ver com os objectivos ou fins das acções humanas. Os fins dos indivíduos são muito diversos, podem por exemplo ser egoístas ou altruístas. (...) Os fins dos indivíduos são muito diversos e variáveis. Desta maneira é metodologicamente possível analisar as diferentes formas que a liberdade humana assume, e também as diversas formas de destruição da liberdade por parte do poder. (1998: XVIII-XXVI-XXVII).



BIBLIOGRAFIA

· SEN, Amartya (2003) Desenvolvimento Como Liberdade, Grádiva, Lisboa.
· SOROS, George (1999) Crise do Capitalismo Global , A Sociedade Aberta Ameaçada, Temas & Debates, Lisboa.
· STIGLITZ, Joseph (2002) Globalização, A Grande Desilusão, Terramar, Lisboa
· Vertical nº 1747, 27.01.2009, Maputo.
· ESTÊVÃO, João r. ( 1997) O Estado e o Desenvolvimento Económico: elementos para uma orientação de leitura, ISEG, Lisboa.
· EUCKEN, Walter (1998) Os Fundamentos da Economia Política, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa.
[1] Licenciado em Relações Internacionais e Diplomacia pelo Instituto Superior de Relações Internacionais. Docente de Economia Política na Universidade Pedagógica – Delegação de Gaza.
[2] Livre Mercado
[3] Abordagem do Estado Amigo do Mercado

LUFADA DE ...CIMENTO FRESCO



Depois de uma subida vertiginosa, o preço de cimento voltou a baixar nos últimos meses. Agora já se compra, pelo menos na cidade de Maputo, um saco a 240 mt. Longe, muito longe dos 280 mt em Janeiro/Fevereiro. Para alívio de muitas famílias e da grande economia . Vá lá saber-se das escusas razões que comandam tais fenómenos. Tanto mais que, no âmbito da guerra para travar a louca galopada do preço de cimento, o governo levantou a oneração sobre a entrada do cimento estrangeiro. De uma assentada, o preço caiu e parece estabilizado. E já se vê por aí cimento estrangeiro a preços abaixo do nacional...a rodos...!

quinta-feira, 19 de março de 2009

Serviço Público de Radiodifusão

Retomo uma antiga aposta: a de partilhar ideias e reflexões sobre a radiodifusão pública. Desta vez trago uma comunicação escrita por Christian Kapfensteiner, na altura consultor na Rádio Moçambique. Esta comunicação foi apresentada nas jornadas de rádio da RM-EP.



PAINEL: FINANCIAMENTO DO SERVIÇO PÚBLICO DE RADIODIFUSÃO

O PAPEL DE UMA ONG INTERNACIONAL:

O Caso do Instituto Austríaco para a Cooperação Norte-Sul e a Rádio Moçambique*

Sr. Christian Kapfensteiner

IANS, Áustria


O Instituto Austríaco para a Cooperação Norte Sul (IANS) é uma organização não-governamental Austríaca que foi fundada em 1991 por membros do partido social-democrático, do partido verde e do movimento dos sindicatos da Áustria com o alvo de sustentar as estruturas democráticas da sociedade civil em países subdesenvolvidos. Actualmente, o IANS tem 10 colaboradores na Áustria, em Nicarágua, Guatemala e Moçambique. A sua sede encontra-se em Viena, a capital Austríaca.


O programa do IANS consiste no enfoque forte em suporte para a participação política e acesso à informação de todos cidadãos. Graças à participação activa do cidadão no desenvolvimento do seu país e no seu local de residência, podem ser efectuadas mudanças positivas para a comunidade, bem como para o indivíduo na sua comunidade.


O IANS planifica e implementa os projectos junto com os parceiros nacionais para garantir que as necessidades dos grupos alvos são satisfatoriamente reflectidos e endereçados nos objectivos e nas actividades. Em termos gerais, os projectos do IANS são virados à criação de condições para a participação activa de todos cidadãos, particularmente dos grupos mais desfavorecidos, nos processos políticos, sociais e económicos no país.


A colaboração do IANS com a RM começou no ano 1992, altura em que o país entrou no seu caminho para a democracia multipartidária. Tomando em conta a história da RM (ou do Rádio Clube) em tempos coloniais e nos tempos da guerra civil e considerando as mudanças fundamentais que o país e a sua Rádio estavam a enfrentar, era de alta importância para o IANS prestar apoio à RM neste processo de transformação de empresa estatal para empresa pública. Também foi identificado pelo IANS a importância dos media independentes, particularmente da RM, na reconstrução do pais pós-guerra, na consolidação dos processos políticos e no sustento à transformação do sistema político.


Mas, a colaboração com a RM não parou por aí. O IANS reconheceu cedo a qualidade da rádio como meio de comunicação social sem competidor em Moçambique; facto recentemente mais uma vez provado nomeadamente pelos resultados do inquérito "Formação do Voto e Comportamento Eleitoral dos Moçambicanos em 2004" realizado pelo Instituto Eleitoral da África Austral.


Neste factor entram vários aspectos:

1) Graças à técnica e ao facto que a RM transmite em 20 línguas nacionais, ela consegue atingir mais de 80% dos Moçambicanos. Formam parte deste número a maioria dos Moçambicanos e particularmente as Moçambicanas sem conhecimento de Português e sem acesso a outro meio de comunicação. Uns 80% da população Moçambicana nunca teve acesso aos jornais e a televisão quando a RM encontra-se em termos de audiência na radiodifusão em posição hegemónica com 91%.

2) Os custos envolvidos em fazer educação cívica no ramo de programas de rádio são comparavelmente baixos.

3) Como Empresa Pública, a RM tem a responsabilidade de abordar assuntos que por vários motivos não entram na agenda de outros meios, por exemplo nas rádios comerciais.


Os primeiros projectos da RM com o IANS tratavam-se principalmente de educação cívica ao eleitorado, de cobertura de várias eleições e do desenvolvimento de municípios. Recentemente, o aspecto da formação profissional começou a entrar adicionalmente nos projectos. Apoiar a formação dos jornalistas da RM tem como consequência o melhoramento da qualidade do trabalho jornalístico. A difusão de informação de alta qualidade e actualidade ajuda fundamentalmente no fortalecimento dos processos democráticos.


O IANS considera que até agora os resultados da cooperação foram atingidos e os doadores principais (a Cooperação Austríaca para o Desenvolvimento e a União Europeia) manifestam-se contentes em relação ao impacto. Dificuldades e constrangimentos, bem como os sucessos consistem principalmente na dimensão da instituição Rádio Moçambique. A complexidade da hierarquia e do processo de tomada de decisões na sede junto com a extensão do país - as decisões são implementadas em todas províncias através de todos Emissores Provinciais - as deficiências infra-estruturais e os interesses particulares inerentes numa empresa pública de informação representam um constante desvio.


Neste contexto temos de reconhecer igualmente que a dimensão da RM no sentido de estar presente em todas províncias através dos Emissores Provinciais (incluindo o uso das línguas locais) e a potência dos emissores de cobrir quase 100% do território nacional representam no mesmo tempo as maiores vantagens competitivas da RM.


A avaliação do IANS da cooperação com a Rádio Moçambique é positiva. O IANS reconhece o papel que os media têm na informação dos cidadãos e especificamente o papel importante da rádio como único meio de informação que consegue atingir as massas em países com economias fracas. Mesmo com grandes progressos já alcançados no passado ainda identificam-se muitas carências e necessidades para reforçar e melhorar o serviço da RM à população de Moçambique. É neste sentido que o IANS planifica continuar a eficaz colaboração com a Rádio Moçambique.


*Depois de uma reestruturação, o Instituto Austríaco Para a Cooperação Norte-Sul viu o seu nome alterado. Agora chama-se GEZA. para obter mais informações sobre Geza consulte o website www.geza.at ( apenas em alemão) ou contacte friedarike.santner@geza.at.

segunda-feira, 16 de março de 2009

PAIS ESFERICO, AZUL E PASMOSO




Ha uns pares de anos, um velho e distinto amigo, de parodias e artes, o Jaime Santos, telefona a solicitar-me um texto de apresentação de um livro de um amigo que também há-de ser teu. O Stelio Inácio, Faço o texto e faço-me ao lançamento. Simpatizei-me com tudo: o desespero do Jaime; A expectativa do estreante Stelio.



Desde então tenho velado o texto, sempre com receio de vê-lo partir. E então que resolvo mandar um email ao Stelio. Ele manda-me as fotos. E eu aqui a publicar tudo isso. Boa fruição.


O meu País é esférico, azul e pasmoso

A ideia é apresentar a obra. O livro, neste caso. Muito obrigado pela deferência e parabéns ao autor.

O livro é uma colecção de 57 poemas. Todos sonetos. No geral, os textos são escritos dentro de um rigor notável. O género é cultivado em toda a sua plenitude. Até às últimas consequências. Como disse, o autor optou pelos sonetos. Na sua forma mais clássica, portanto, mais formalista. Se quisermos, podemos também questionar, porquê escolher sonetos? Que relação um jovem esgrime com um género tão cultivado? Porquê não atende ele ao apelo da inovação, ou porquê não nos oferece um texto, como diz Barthes, para fruição, e fica-se pelo prazer?

Bem, creio que mesmo assim a opção foi feliz. O autor mostrou que controla o género. Controla e domina a domina a técnica do soneto. Podemos notar isso na forma fácil e bela como o verbo flui. Como as rimas são tratadas, com respeito religioso. E até a métrica o Stelio afagou com muito desvelo. Também não traiu a tribo na temática. Afinou pelo amor. Um amor por realizar. Nos poemas, há sofrimento. Há dor. Há esperança. Como na sua forma original, aqui nos sonetos há muita paixão, muitos suspiros poéticos. E muita humanidade e fraternidade.

Quer dizer, e por tudo isso, posso afirmar que esta obra já não é só orgasmo incontido. É cópula consentida. Não é aquilo precoce. É uma cavalgada em modo de trote. É algo sentido e pensado. Elaborado com maturidade e segurança. É forma e conteúdo bem casados.

E notamos isso a partir do título: O meu país é esférico, azul e pasmoso. Stélio: quem te mandou escrever um título tão comprido assim? Tão exigente, inesperado e , se calhar, por isso mesmo, belo.

Este título é uma referência ao mundo-planeta, uma visão mais ampla do conceito de País. Aqui, País, deve ser visto como lugar afectivo, onde se nasce. E segundo os astronautas e os donos dos satélites,de facto este mundo é azul e esférico. E o pasmoso é uma inspiração.Alinha com o belo e harmonioso dos semas País, esférico e azul.

Olhemos agora para os poemas. Não precisaremos de apresentar um a um. É para isso que o livro está à venda. Que é para lerem-no com ao vossos próprias olhos e bocas.

Escolhi um poema representativo. O poema cujo título é o título do livro. Esse poema remete para um desejo e uma relação próxima com um mundo ideal, embora sentido, harmonioso. Um cenário quase bíblico. Aqui visível nas palavras “nobre vida/reino belo/”.
Fora o aspecto essencialmente físico do u universo, que é a relação entre os corpos celestes, aqui Terra e Sol, o autor remete-nos para uma segunda instância do seu âmbito de interesse: a Humanidade, olhada do seu lado mais bíblico e harmonioso- o parentesco numeroso. Aliás, abundante, pois os homens, do ponto de vista numérico, é algo inerte. Já o abundante tem mais a ver com a criação, com o que se desenvolve saudavelmente. Que tem, portanto, vida. E mais do que vida, o Homem é um ser fascinante. E, como se sabe, todo o seu humano fascinante é também fraterno. Talvez por isso mesmo.

Quero crer que a essência do discurso e da construção do texto, neste livro, está irremediavelmente amarrada a esta visão do homem: do fascínio e da fraternidade, acto de amar e ser amadao, de respeitar e ser respeitado. Concentrado, porém, na figura da mulher. Aliás, como um bom e paradigmático “escritor” de poemas de amor, romântico, Stélio vive apaixonado e fascinado por uma certa relação por acontecer. Todos os poemas flutuam entre duas histórias: uma de amor, um grito de paixão, desejo e angústia. E uma outra, um hino à Humanidade, à beleza e natureza.

E para terminar,como já disse, encontrarão neste livro 57 poemas. O mais recente é datado de 2006. E é o primeiro poema do livro. Depois, por ordem natural, ao contrário, surgem poemas de 2005, 2004 e 2003. Supreendentemente, o último poema é de 2002. O mais antigo texto aqui publicado.
Nota-se também que dos 57 poemas que há neste livro, em 54 o título dos textos é o seu último ou primeiro verso. Outro aspecto notável é o último poema. O tal de 2002. Chama-se soneto 1. Porque terá este título.

Bem, se me permitem, eu termino aqui. O livro está aí. Graficamente aguenta-se. A encadernação também. Leiam-no e se quiserem digam alguma coisa. Sucesso na tua carreira, Stélio.

Meu país é esférico, azul, pasmoso

Meu País é esférico, azul, pasmoso,
Junto ao sol no universo viajante;
Onde a nobre vida se faz reinante,
reino do belo e do maravilhoso

Meu parentesco é assaz numeroso,
Com todo ser vivo ai!tão abundante;
Todo o ser humano, ser fascinante,
Que é um sempre igual porém copioso

Minha bandeira foi por mim pintada
Com as cores que a raça humana toma,
Tendo mil signos pr´a felicidade.

Meu hino é uma canção alongada
Com frases de todo o humano idioma,
E que se traduz em “fraternidade”.


20.01.2005

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

VIAJANDO PELO M UNDO 4- PANJANE


Panjane é um posto Administrativo do Distrito de Magude. Saindo da vila , segue-se para Oeste através de uma estrada de terra batida. Difícil de percorrer em tempo de chuva. Até Panjane, uns 40 quilómetros, faz-se no meio de poeira, covas, bois pachorentos e uma paisagem linda. Virgem. No dia em que se fez a viagem, chovera na véspera, levou-se umas duas horas.

Depois de percorrer o verde todo, terra e mais terra, chega-se a lugar nenhum. Panjane é aí. Umas 10 casas no máximo. Passo a comprovar. Descobre-se que se está no sítio, quando se chega ao edifício do posto administrativo. Um edifício novo. umas quatro divisões apertadas. Numa ,dois policias, os primeiros na história de panjane, ruminam-se. Na sala comum, está um diligente funcionário do posto. Há mais uma sala onde senta e pensa o chefe do posto. E mais uma sala num canto.

Uns duzentos metros abaixo, uma loja. Vende-se de tudo. Os proprietários sentados na varanda. A matar o tempo e a ver se algum afortunado se engana e se faz de cliente. Há mais um edficício ao lado da cantina. Abandonado. Do outro lado, meio perdido nos arbustos há uma barraca, com o respectivo senta-baixo. E a residência do chefe do posto. Sempre para um norte, mais uns cem metros, o posto de saúde. Bonito, arranjado. Tem um enfermeiro e um servente. E um sistema solar de energia. Para abastecer apenas a geleira dos medicamentos... Segue-se " a escola". Duas /três casas para professores e um edifício com uma 4/5 salas.

BI.
Língua mais falada: Xangana
Energia : não tem
Sistema de captação de agua: não tem
Padaria: não tem
Habitantes: ao todo são 300, muito dispersos no residir( apetece dizer que não há)
Telefone: não tem
Televisão: não tem
Radio mais ouvida: Munghana Lonene FM ( SABC) e Emissão Provincial de Gaza ( RM-EP)
Locutor mais conhecido : Rogério Madede ( EPgaza- RM)
Jornal: não chega

PS: na foto, o chefe do posto e o dito posto

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

TERCEIRAS ELEIÇOES AUTÁRQUICAS-MOÇAMBIQUE

Nota Prévia
Com pedido de Publicação recebi o texto que passo a apresentar, o qual representa as ideias do seu autor. Versa uma matéria por demais actual. E que a todos nos interessa. Boa leitura. E deixe o seu comentário.Obrigado uma vez mais ao amigo Andes por este endereçamento.


Análise dos resultados das Terceiras Eleições Autárquicas em Moçambique

Mário Magno Chemane*


O sufrágio universal, é um dos suportes base para o funcionamento de um sistema político democrático liberal, e regra geral, cada processo eleitoral organizado, significa algum passo para a consolidação da democracia. Moçambique assistiu recentemente a realização das Terceiras Eleições autárquicas. Dos 43 municípios em disputa, a Frelimo obteve vitória em 42 tanto a nível das presidenciais como nas legislativas , com números quase sempre acima dos 60% dos votos. Não existem ainda dados numéricos exactos, mas é consensual o facto de que este processo assistiu se a um elevado nível de afluência dos eleitores ás urnas (Boletim Eleitoral nº 11-2008).O objectivo desta pequena reflexão é, no geral, fazer uma leitura sobre, os factores que poderão estar por detrás desta vitória esmagadora da Frelimo; perceber o provável impacto deste facto na estabilidade do sistema político.

A vitoria da Frelimo pode ser atribuída a uma combinação de factores de ordem endógena como exógena. A nível endógeno, não pode passar despercebida a capacidade organizacional que o partido tem, a forma como consegue superar as situações de polémica e conflitos internos, que são, como já fora acima referido, naturais em qualquer organização social. Por exemplo, a decisão da não renovação da candidatura do antigo edil da Cidade de Maputo, tenha sido ela de tipo top down ou bottom up, foi muito bem gerida no seio da estrutura partidária e a polémica que ela despoletou cedo desfez se pois a disciplina partidária fez-se soar mais alto, que todas tendências de opinião na organização. Quando se tratou de avançar para as eleições, os conflitos internos, foram deixados para traz - pelo menos provisoriamente - pois as forças deveriam estar concentradas num único objectivo que era vencer as eleições.

Um outro factor prende se com a governação do novo executivo saído das eleições gerais de 2005. Se recuarmos para 1994, data da realização do primeiro processo eleitoral, notaremos de forma clara que o desempenho eleitoral da Frelimo vem descrevendo uma curva descendente até 1999. Por outras palavras significaria dizer que a Frelimo tinha, até então, estado a perder popularidade no seio do eleitorado, variável indispensável na determinação do sentido de orientação do voto.

Por detrás desta tendência concorreram vários factores. Mas no geral pode se apontar o carácter demasiado tecnocrata do anterior governo na forma como os outputs eram concebidos. Esta tecnocracia excessiva acabava por vezes esvaziando a componente politica que deve sempre fazer parte de qualquer governo. Como consequência deste quase vazio ideológico, a estrutura interna do partido ia se fragilizando, pois inadvertidamente se ia rompendo o cordão entre o Partido – o garante da mobilização e fidelização do eleitorado – e o Governo, com consequências no nível de satisfação do eleitorado. Como resultado disso, crescia no seio do Partido uma ala que olhava de forma extremamente crítica para a forma como o país era governado. O Governo de Guebuza, apercebendo-se do cenário presente, tratou de converter estas fraquezas em oportunidades.

Era necessário olhar para a composição do eleitorado nacional que é maioritariamente composto pelos camponeses que vivem na zona rural e dependem da agricultura de subsistência como fonte de rendimento. Mais do que as classes de empresários, intelectuais, académicos..., é sobre esta camada do eleitorado - que procura soluções mais politicas do que meramente técnicas - que deve recair maior parte da atenção do Governo, sem negligenciar, claro, os outros grupos da sociedade. Assim, o combate contra a pobreza absoluta, contra a corrupção e impunidade, a consagração do distrito como pólo de desenvolvimento, a revolução verde como estratégia para o desenvolvimento da agricultura, foram algumas das medidas, intenções do novo governo em reverter o cenário.

A nível do partido levou-se a cabo um autêntico upgrade da estrutura partidária a todos níveis, desde o central ao local. A militância partidária passou a ser critério indispensável, senão primordial, para nomeação para cargos governativos, acima do critério técnico. Não se pretende, de forma alguma, levantar um debate fazer algum juízo de valor ao facto de, por exemplo, termos um Ministro formado numa dada área a dirigir um Ministério que tutele uma outra área de actividade, mas pelo contrario pretende se perceber esta pratica enquadrando-a numa estratégia de luta pelo acesso, controle e manutenção do poder politico. O executivo, incluindo os governadores provinciais, é composto por indivíduos de competências e habilidades, acima de tudo, políticas. Isto, certamente, como uma forma de não perder o sentido de ligação entre o eleitorado e o Governo, e deste com o Partido, embora esta, de forma subtil.

As presidências abertas regulares do Presidente da Republica ao meio rural, apesar das criticas da oposição pelo facto de eventualmente serem dispendiosas, só ajudam a manter aceso o contacto deste com a base cimentando desta forma a legitimidade do regime, sobretudo no meio rural. As recentes acções judiciais sobre altas figuras da nomenklatura política podem ser percebidas como sinais de vitalidade do sistema judiciário e prova da independência do judiciário em relação ao executivo e legislativo.

A polarização do desenvolvimento para o distrito, apesar de alguns casos menos felizes, próprios de um processo ainda em experimentação e progressiva consolidação, trouxe consigo uma nova dinâmica à vida no distrito fazendo com que as comunidades locais tomassem parte no processo de desenvolvimento sentindo se deste modo parte da solução politica de luta contra a pobreza absoluta colocada pelo Governo. Esta nova abordagem politica do novo Governo pode ter, de alguma forma, ajudado a resgatar a confiança do eleitorado uma vez que ao contrário do previsto, os níveis de afluência ás urnas foram bastante elevados comparativamente aos pleitos eleitorais imediatamente anteriores . Esta afluência acabou premiando a Frelimo que foi a principal força motriz desta mudança do comportamento eleitoral, punindo a Renamo, que demonstrou sinais de uma incompreensível imaturidade politica, traduzida na incapacidade de gestão de divergência de opiniões no seio da organização.

Que Impacto podemos esperar desta hegemonia da Frelimo?

Perante estes resultados eleitorais há quem já afirme que estamos a passos largos regressando ao Mono partidarismo. Sob ponto de vista normativo esta tese torna se dificilmente sustentável, pois o sistema multipartidarismo tem uma base jurídico-legal estabelecida na Constituição vigente no pais, a não ser que esta fosse suspensa para dar lugar a outra Constituição que substituísse ao mono partidarismo.

A actividade politica resume se, de forma muito geral, à luta pelo acesso, exercício, controle e manutenção do poder político, e a Frelimo está apenas a fazer parte do seu papel político no jogo democrático, consolidando a sua posição de partido dominante dentro do sistema de partidos em particular e do sistema politico no geral. E esta posição hegemónica é resultado não só do trabalho realizado pelo Partido e Governo, como nos referimos acima, mas também pelo vazio relativo que a oposição cria quando deixa transbordar os seus problemas internos para o sei da opinião publica.

Porém, da mesma forma que um mercado de concorrência monopolista, suscita alguma preocupação aos consumidores, devido ao controle desequilibrado que os agentes exercem sobre a oferta e procura, a posição hegemónica da Frelimo deve ser objecto de reflexão no sentido de percebermos ate que ponto esta hegemonia pode ou não ser nociva à democracia moçambicana. Os partidos políticos são sem sombra de duvida um elemento indispensável no xadrez político de qualquer sistema democrático.

Os partidos políticos desempenham o papel de agentes representantes, dos interesses de diversas classes dentro da sociedade articulando e agregando tais interesses nos objectivos gerais do partido. Ao participarem no processo politico, os partidos contribuem para a formação da opinião publica, ajudam a inculcar na sociedade os valores fundamentais do sistema prevalecente (democracia, eleições, espírito de diálogo...), naquilo que se pode designar de socialização política. (Hama Thai:1999;154) Além destes aspectos acima trazidos, importa referir que, regra geral, por detrás de um governo, ou de uma maioria parlamentar está sempre um partido.

Mas para efeitos da presente análise pretende-se ir além da percepção da indispensabilidade dos partidos no sistema político, procurando aferir as vulnerabilidades da actual configuração e relação de forças dentro do sistema partidário. Sem sombra de dúvidas, existem sérias vulnerabilidades para o sistema. Corre-se o risco o governo se acomodar neste domínio confortável que conquistou, não respondendo de forma eficaz aos inputs formulados pela sociedade, devido, provavelmente, á ausência de percepção de ameaça de perda do poder. Pode levantar-se o problema do baixo potencial de alternância do poder, elemento importantíssimo para credibilidade das instituições democráticas saídas dos processos eleitorais. Existe, ainda, o provável risco de uma distorção da democracia numa variante de ditadura democrática, espécie, do que vem acontecendo na nossa vizinha Africa do Sul, onde a vontade de um partido, ou melhor, de uma certa elite dentro dele, se confunde com a vontade de toda uma nação. O outro risco seria o aprofundar do enfraquecimento do debate parlamentar pelo facto de a Assembleia da República estar dominada por uma única força política.

Portanto, estes são apenas cenários que se podem desenhar numa situação de hegemonia da Frelimo, mas é necessário frisar que o partido no poder, não está a fazer mais do que o seu papel no quadro do jogo democrático, isto é, lutar para aceder, controlar e manter se no Poder, aproveitando, no máximo possível, o espaço de manobra que os adversários políticos concedem. O principal responsável é, na minha óptica, o tipo de oposição que existe no sistema político. Uma oposição sem uma alternativa de governação credível, que constitua ameaça real para o Governo. Que demonstra estar cada vez mais distante das regras do jogo democrático que recorre sistematicamente à teoria da conspiração para justificar os seus fracassos políticos.

Algumas Recomendações

Para o bem do sistema politico como um todo e dos próprios partidos da oposição, é urgente que a oposição repense profundamente em volta da sua maneira de estar no cenário político nacional, olhando para questões como, por exemplo, a forma autoritária, pouco transparente e, por vezes, arrogante como as suas lideranças fazem a gestão interna das respectivas organizações. O carácter sazonal das suas aparições no exercício das suas funções de oposição política.

Do lado da Frelimo, apesar de afirmarmos que ela está apenas a fazer o seu papel como actor politico, e sem querer lhe retirar mérito politico pelas vitórias, é necessário que ela não se deixe embalar por esta situação, pois como bem disse o Presidente Guebuza, «vitórias mal geridas podem gerar desgraças» (Jornal O País 30-01-2009). É necessário que a Frelimo governe tendo em conta aquilo que são, efectivamente as preocupações, exigências e expectativas das mais diversas esferas da sociedade.

Apesar da viragem da atenção para o meio rural, não nos devemos esquecer que não passa despercebido aos olhos dos académicos, intelectuais e outras esferas eventualmente mais esclarecidas da sociedade, o uso, em algumas circunstâncias, de recursos do Estado, como meios para realização de actividades de carácter partidário. Este e outros aspectos, fazem recrudescer aquele debate polémico sobre a partidarização do Estado. Pela sua maturidade politica, grandeza e por uma questão de manutenção dos níveis de legitimidade, a Frelimo não precisa de cometer estas ingenuidades sob o risco de, a longo prazo, perder confiança de um eleitorado em crescente socialização politica e consolidação da cultura democrática.





Referencias Bibliográficas

1. FERNANDES, António José. Introdução a Ciência Política, Porto-Portugal,1995.

2. THAI, Benedito Hama. Sistemas Políticos Contemporâneos, 1999.

3. AWEPA; Boletim sobre o processo de paz em Moçambique; nº 21; Julho-1998;

4. AWEPA; Boletim sobre o processo de paz em Moçambique; nº 29; Dezembro-2003.

5. EISA; Formação do voto e comportamento eleitoral dos moçambicanos em 2004; 2005; UEM – Maputo.

6. ROQUE, Paula Cristina (2008); Angolan legislative elections: Analyzing the MPLA’s triumph; Institute for Security Studies (Situation Report).

7. HEYWOOD, Andrew (1997); Politics; McMillan; London.

8. Jornal O Pais, 30-01-2009.

9. MAZULA, Brazão (2004); Mozambique: 10 Years of Peace; CEDE; Maputo.

10. MAZULA, Brazão (1995); Moçambique: Eleições, Democracia e Desenvolvimento; Maputo.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

HERÓIS


Existe em Magude algo verdadeiramente original. Marca uma diferença absoluta: a praça dos heróis.

GINHA KOOL 3


Leokádia ( Ginha) Luisa Mesquita tem 19 anos e diz-se que ficou bastante satisfeita quando conseguiu entrar para a Kasa Kool. Gosta de comer Mayoneise e sublinha que 2008 " foi para mim positivo e tive muita produtividade". Da Kasa Kool Ginha foi a primeira a sair.Mesmo assim diz que aprendeu muita coisa. Fiquemos com a entrevista.

P: O que aprendeste na Kasa Kool?
R: Aprendi muita coisa. Uma delas foi a conviver com 14 pessoas de várias culturas, maneira de ser, de se comportar, enfim..
P: o que te levou a participar na Kasa Kool?
R: Foi muita coragem, determinação e (vontade de) ganhar muita experiência para o futuro.
P: O que os teus pais acharam da tua participação no Kasa Kool?
R: Acharam Positivo. No princípio foi difícil aceitarem mas depois gostaram.

( cenas do próximo capítulo)
Para quem acompanhou este primeiro Big Brother Moçambicano na TIM ( Televisão Independente de Moçambique) certamente que há-de ter visto pelos menos duas coisas fortes relacionadas com Ginha: O namoro desta com Sílvio (o grande vencedor do Kasa Koool) e as cenas de desfrute de ambos no Quarto Kool.

VIAJANDO PELO MUNDO 3- MAGUDE





Pertecente a Maputo, Magude, na Província, é o distrito mais a norte. Para chegar lá é necessário utilizar a Estrada Nacional número um ( EN-1) e entrar pelo desvio de Xinavane. Xinavane é um posto Administrativo de Manhiça. A fama de Xinavane advém da fábrica de Açucar ali localizada. Prosseguindo em direcção noroeste chega-se a Magude. Perto de uma centena e meia de quilómetros de Maputo e aproximadamente 40 de Xinavane. Magude é conhecida como o "talho" da província. Há ali criação de gado bovino a valer. à boca cheia fala-se de criadores com perto de 10 000 cabeças! à moda do rei de gado.

A vila sede é bastante modesta e podia estar melhor vestida. E servida.E mesmo assim a registar um forte crescimento para oeste. Um dos aspectos de maior interesse é o aceso à vila sede. Faz-se através de uma ponte ferro-rodoviária. Na foto. A outra imagem é do campo de futebol do sítio.

BI
Língua mais falada: xangana
Energia eléctrica: 24h - rede nacional
Rádio Mais ouvida: Rádio comunitária de Xinavane; Emissor Provincial de Gaza( RM-EP) e Antena Nacional ( RM-EP) e Emissor Provincial de Maputo ( RM-EP);
Televisão mais vista: TVM EP
Há circulação de jornais: não
há internet para o público: não

CANHU, MARULA & ESTÓRIAS




A leitora Ju, em comentário, a propósito do texto e fotos da postagem anterior, diz que gostaria de ver a árvore de Canhu. E o próprio fruto. Não sendo difícil achar uma e outra, em Maputo, trago as fotos respectivas. E para não deixar passar em seco a ocasião, ficam ainda umas duas palavrinhas.

Ao CANHU, como se sabe, estão associadas crenças e rituais vários. É, pois, lugar comum que canhu tem propriedades afrodisíacas. Por essa razão, nas " comunidades", homens e mulheres bebem o canhu separados. Também sabe-se que o Canhu é uma bebida que relaciona de forma directa a sogra e o genro. Mas por motivos amistosos. Pois, é da tradição que a sogra é que prepara e oferece a bebida ao genro. Deste modo, a mãe está livre de perguntar à filha, no dia seguinte, qual terá sido o efeito. Ficando assim a par da vida mais íntima da filha.
Na internet, infelizmente, expremendo-se como se quer o Canhu, pouco sumo sai. Haverá melhores resultados se utilizar a entrada "marula". Como é conhecido canhu ( fruto), por exemplo, na África do Sul. Assim, o canhu(o)eiro ( a árvore) designa-se também marula tree. Daqui surgi o ou a Amarula, bebida industrializada mundialmente famosa e cujo símbolo é um elefante.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

CANHU







O canhu é definitivamente património gastronómico e cultural moçambicano. Tem andado a dita na boca de muitos moçambicanos. Pelas mais diferentes motivações e das mais diversas maneiras. A árvore da cuja chama-se canhu/oeiro. Do fruto faz-se uma bebida ( canhu, Ukanyu). A Tal que por estas alturas politica-se. Patrimonia-se. Deixo o registo fotográfico das principais fases do fabrico caseiro.

A DOUTRINA ECONÓMICA DA TEIA DE ARANHA ( SEGUNDA E ÚLTIMA PARTE)

Nota Prévia:Com pedido de publicação recebi este belo texto ( que publico tal e qual me chegou às mãos) do meu amigo e há muito desaparecido Andes Chivangue. Bem vindo amigo Chivangue.
A DOUTRINA ECONÓMICA DA TEIA DE ARANHA

ANDES CHIVANGUE1
Que aplicabilidade teria o SWED num momento em que o mundo vive dois fenómenos globais simultâneos, nomeadamente a integração regional e a globalização económica? A África, particularmente, encontra-se num processo de consolidação de blocos regionais e, nos primeiros estágios, o fenómeno transmite-nos a ideia de fecho a nível local ou regional. A globalização económica, sob os auspícios da Organização Mundial do Comércio, tendo como operadores do frontline o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial, preconiza a liberalização dos mercados a nível global.

Estes dois fenómenos, embora pareçam contraditórios, têm como objectivo principal a liberalização do comércio mundial. O fecho a nível regional pode ser visto como um momento de preparação para a abertura a nível global. Não obstante este raciocínio, não descuramos o facto de a integração económica, na concepção balassaniana, olhada no contexto do crescimento equilibrado, visar assegurar um mercado suficientemente vasto para o desenvolvimento paralelo de novas indústrias, podendo-se assim fazer o aproveitamento de economias de escala. O alcance da ideia de fecho estende-se apenas ao facto de, por exemplo, numa Zona de Comércio Livre os direitos (e as restrições quantitativas) entre os países serem abolidas, mas cada país mantém as suas pautas próprias em relação aos países não membros. Ou seja, todos aqueles países que não fazem parte do arranjo regional ficam impossibilitados de beneficiar dessa redução ou eliminação de direitos. E isto constitui fecho.

Pois bem, como podemos enquadrar o SWED no processo de integração regional? Se partirmos da assunção de Oneani, quando afirma que o dinheiro que entra numa comunidade e só circula entre os seus membros permite-lhes prosperar economicamente e garantir a sua auto-suficiência, constatamos que a curto prazo esta ideia parece estar em sintonia com os propósitos de um arranjo regional mas, se prestarmos atenção, vemos que a médio e longo prazos torna-se impraticável no tocante à liberalização do comércio global.

Por outro lado, nenhuma comunidade politicamente organizada é auto-suficiente em todas as esferas e na sua total acepção do termo. Se existisse alguma nessas condições teríamos aí um indiscutível argumento contra a globalização económica. Teorias como das vantagens comparativas, de Ricardo, dotação de factores, de Hecksher-Ohlin e outros clássicos não fariam sentido. É irrelevante dizer ao Sr. Oneani que existe um inesgotável acervo bibliográfico que se dedica a explicar a necessidade que os países têm de comercializar entre si. Por aqui podemos ver que a teoria do SWED é contrária à globalização económica, apresentando-se com um carácter localista e sua aplicação desenquadrada à actual economia política internacional.

A teoria do SWED foi concebida tendo como base, para a formulação das suas premissas, os hábitos económicos dos indianos imigrantes nos EUA. Oneani exorta aos afro-americanos e ao continente africano a adoptarem esta estratégia para serem bem sucedidos no mundo dos negócios. E para densificar a sua receita fala da Índia, como um dos vários exemplos do continente asiático, cujo sucesso assenta no SWED. Entretanto, o autor escamoteia muitos factores. O primeiro tem a ver com o facto de o SWED só ser praticável a curto prazo e por um pequeno grupo de indivíduos fora do seu país, região ou comunidade. Numa situação de imigrantes ou deslocados, os indivíduos tendem a desenvolver um grande sentido de solidariedade mútua, ajudando-se no que for preciso para poderem sobreviver.

O segundo factor prende-se com o seu argumento sobre o desenvolvimento em África e a sua fraca capacidade tecnológica. Embora este ponto fuja ligeiramente do âmbito desta discussão, importa ressalvar que o autor anda desatento ao debate, que está a acontecer em quase todo o mundo, em torno desta questão. Hungtington, numa co-publicação com Lawrence Harrison, intitulada Culture Matters, cometeu o mesmo erro de análise quando comparou as economias do Ghana e da Coreia do Sul, explicando de forma simplista que aquele primeiro país ficara atrasado devido a questões ligadas à cultura. Felizmente, esta comparação despropositada, feita sem ter em conta questões relacionadas com estruturas de classe, prioridades políticas e alfabetização, foi inteligentemente corrigida pelo Nobel de economia, o Professor Amatya Sen, no seu livro Identidade e Conflito: a ilusão do destino (2007: 147-148). Uma das vantagens que a Ásia leva em relação à África está relacionada com a aposta que aquela muito cedo fez na educação. Os asiáticos preocupam-se com a educação há Séculos e África não tem 100 anos de independência, excluindo o período colonial em que a educação tinha em vista garantir a manutenção do poder da metrópole.

O problema do subdesenvolvimento em África é complexo, com interconexões de carácter conjuntural. Um comportamento do tipo SWED num continente que só consome e nada produz (palavras do teórico Oneani) significaria matar as pessoas a fome a médio e longo prazos.
Chika Oneani perdeu a oportunidade de trazer uma discussão de capital importância nos dias de hoje. O SWED pode funcionar como um excelente argumento para rebater a crescente influência da tese do homo económicus que desde Adam Smith – seu precursor – aos tempos contemporâneos vem sendo desvirtuada a tal ponto que se tornou absolutamente inaceitável. De que forma se faria esse combate ao homem económico? Se o SWED apela para a interacção comunitária, o homem económico vai justamente no sentido oposto, valorizando o egoísmo individual como o motor do crescimento económico e desenvolvimento. Só esta pequena contribuição para a ciência já tornaria o autor de Capitalist Neeger útil tanto para os seus compatriotas nos EUA quanto para o mundo em geral.

Mas como ele próprio confessa, a sua preocupação prende-se com a acumulação de riqueza, incentivando os afro-americanos a adoptarem o capitalist neegerism - uma outra invencionice da sua cabeça. Suspeito que mesmo a publicação do seu livro constitua uma estratégia para ganhar dinheiro fácil, ludibriando os intelectualmente distraídos.


1 Docente na Universidade Pedagógica- Delegação de Gaza


Janeiro, 2009
BIBLIOGRAFIA
SEN, Amartya (2007), Identidade e Conflito: a ilusão do destino, Tinta da China edições, Lisboa

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

GINHA KOOL


Prometi faz tempo publicar a entrevista feita a uma das participantes do Kasa Kool. Trata-se de Ginha ( como gosta de ser tratada) ou Leokádia Luisa Mesquita. Estudante da 12ª classe residente na cidade da Beira. Além de estudar é modelo. Participou em vários concursos tipo kasa kool. Além deste último, também marcou-lhe o e participou no "Faces" 2008.
Pergunta: quantos anos tens?
Resposta: 19 anos

Pergunta: Como te chamas:
Resposta: Leokádia Luisa

pergunta: como te sentiste quando foste escolhida para o Kasa Kool?
Resposta: senti-me bastante feliz e com muita força de participar.
PS:
Está em curso o Big Brother Brasil. No google ou no yahoo o acesso é rápido e a reportagem é suculenta.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

VIAJANDO PELO MUNDO 2

Ressano Garcia, a primeira localidade retratada nesta nova e muito limitada série ( VIAJANDO PELO MUNDO), é atravessada pela auto-estrada Maputo-Witbank, que liga a cidade de Maputo a África do Sul. Ressano Garcia é uma vila fronteiriça. Que respira ao rítimo da fronteira.

Mais para o norte localiza-se a pacata vila de SÁBIE. mais "rural". Entrando pela sede do distrito de Moamba, percorre-se uma trintena de quilómetros num piso razoável. Vegetação exuberante ladeando a estrada.Os animais bravios de grande porte são vistos frequentemente por ali, leões e elefantes, mormente.

BI

Sábie: posto administrativo do disttrito de Moamba, uns 30 km para o norte, a partir da sede do distrito
Língua mais falada: Xangana
Energia Eléctrica: 24 horas
Rádio mais ouvida: Ligualaguala FM ; Jacaranda FM; Rádio Comunitária de Moamba; Emissor Provincial de Maputo- RM.EP
TV mais vista: SABC
Locutor mais conhecido ( o nome não está claro, mas pareceu-me Nwamba, da Rádio Comunitária de Moamba)Internet: não há local para acesso público e não está disponível na vila


legenda da foto ( recinto da escola primária completa: ao fundo salas de aulas. Primeiro plano: residências dos professores)

Director pedagógico da Escola Primária completa local em conversa comigo. O matagal que se vê foi objecto de comentário. O director assegurou que na semana do início das aulas, os "miúdos" limpariam o terreno. .. Não se pode dizer que haja descuido ou desleixo... está tudo planificado!

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

A DOUTRINA ECONÓMICA DA TEIA DE ARANHA ( Primeira parte)

Nota prévia:
Com pedido de publicação recebi este belo texto ( que publico na íntegra tal e qual me chegou às mãos ) do meu muito amigo e há muito tempo desaparecido amigo Andes Chivangue. Bem vindo amigo Andes.

A DOUTRINA ECONÓMICA DA TEIA DE ARANHA NUM CONTEXTO DE INTEGRAÇÃO E GLOBALIZAÇÃO

Andes A Chivangue1

A ideia de discutir o Spider Web Economic Doctrine2 (SWED) ocorreu-me depois de ler o livro Capitalist Neeger, de Chika Oneani, autor afro-americano de ascendência nigeriana, o qual aborda, dentre vários aspectos, o problema da pobreza dos africanos e a sua suposta incapacidade de inovar e enriquecer. Os seus argumentos são apresentados num discurso acutilante e sem papas-na-língua. Este livro, não fosse a desonestidade teórico-argumentativa de que se encontra impregnado, seria uma razoável reflexão sobre os afro-americanos e sua relação com os caucasianos nos EUA. Entretanto, tem o mérito de lembrar-nos algumas verdades, dentre as quais o facto de os africanos, muitas vezes, comportarem-se como caranguejos dentro duma bacia: quando um tenta sair os outros arrastam-no de volta. Lembra-nos, ainda, a mania que este povo tem de procurar um culpado (normalmente o poder colonial) para justificar as suas incapacidades. De resto, os argumentos do livro não têm enquadramento para um contexto como o de África. E como forma de demonstrar isso fui buscar uma das suas principais pseudo-teorias.
O SWED assenta numa comparação que o autor faz entre a estratégia de caça e sobrevivência da aranha e os hábitos de dimensão económica praticados, sobretudo, pelos indianos imigrantes nos Estados Unidos da América. A aranha, para se manter viva, tece uma teia que a protege dos seus predadores e todos os insectos de pequeno porte que entram em contacto com ela, aí ficam, enredados. Segundo Oneani, os indianos comportam-se da mesma forma no que concerne ao dinheiro. Nos EUA, estes imigrantes compram e vendem serviços entre si, fazendo com que o dinheiro não saia da comunidade, acumulando dessa forma riqueza e ajudando-se mutuamente.
É esta a sugestão que o autor avança para a comunidade negra nos EUA e, por extensão, ao continente africano. Ora bem, esta estratégia até pode funcionar no país em que ele vive mas não me parece exequível em África. E as razões para a sua falibilidade pretendem-se precisamente com o propósito da discussão deste artigo. Na verdade, as premissas da abordagem oneaniniana são localizadas e de carácter restrito.


Janeiro, 2009
1 Docente na Universidade Pedagógica- Delegação de Gaza
2 Doutrina económica da Teia de Aranha ( tradução do Autor)

BIBLIOGRAFIA
SEN, Amartya (2007), Identidade e Conflito: a ilusão do destino, Tinta da China edições, Lisboa

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

KASA KOOL


Conforme o prometido, inicio a publicação da entrevista feita a uma das participantes do Kasa Kool, versão moçambicana do famigerado "Big Brother". Como se sabe e ficou dito, o Kasa Kool foi realizado e pela TIM, Televisão Independente de Moçambique nos últimos três meses do ano passado.

Na Imagem vemos a entrevistada, o editor da entrevista e a jornalista.

VIAJANDO PELO MUNDO


É o nome de um programa que produzi durante vários anos no principal canal da Rádio Moçambique ( antes Emissão Nacional, agora Antena Nacional). Como se advinha a partir do nome, Viajando pelo mundo levava o ouvinte a conhecer o mundo através de entrevistas, reportagens, textos lidos e música.

Hoje decidi reutilizar ( salvaguardando os devidos direitos de autor) o nome apenas no fino propósito de designar a série que hoje inauguro. Serão umas dezenas de postagens sobre Moçambique, sul de Moçambique ( o tal do mundo que é viajado). Deixarei aqui dados sobre algumas localidades obtidos no local em conversa controlada. Tudo com fotos. Começo com Ressano Garcia. No mapa, estaria próxima do limite norte entre Moçambique e Swazilândia, na fronteira com a África do Sul.

BI

Ressano Garcia é um Posto Administrativo do distrito de Moamba. Situa-se a aproximadamente 80 km da cidade de Maputo.

Tem Energia da Rede, 24 horas.

Línguas mais faladas: Xangana e Português

Rádio mais ouvida: Mungana Lonene FM ( África do Sul); Rádio Moçambique em OM ( não ficou claro que canal)

Televisão mais vista: Sabc e Tvm

Locutor mais apreciado: Roberto Mundlovo (emissor provincial da RM-EP)

Jornais lidos: Notícias, Zambeze, Magazine, Domingo, País

internet para o público: não há



sobre as fotos

Nas fotos vemos a imagem de parte da escola secundária de Ressano Garcia ( edifício principal, casa de professores e campo de futebol). O projecto foi desenvolvido pelo Padre Vicente e sua equipa.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

KASA KOOL


Durante perto de 3 meses, 14 concorrentes "degladiaram-se" dentro da Kasa Kool ( Big Brother Moçambicano) para não sair dela e vencer no final.A maior parte do espectáculo foi vista em directo através da TV Cabo. A televisão TIM tinha "janelas" ao longo do dia dedicadas ao Kasa Kool.

Como não podia deixar de ser, o Kasa Kool ( bem como a maior parte dos formatos universais de entretenimento) provocou diferentes reacções dentro e fora do País ( obrigado, mais uma vez, Ju). Tal como aconteceu noutros países na estreia de programa tão ousado. Aliás, como acontece sempre que o programa acontece.

Na nossa praça, uma das discussões mais típicas procurava estabelecer a comparação entre "Kasa Kool" e o " fama Show", por exemplo. E dentro dessa comparação, com muita insistência questionava-se " a mais valia" para os participantes, numa pergunta tipo: " o que se aprende no Kasa Kool". Por oposição ao "curso de Música" ou de "dança" em programas similares.

Entrevistei um das participantes. A resposta foi dada de pronto: "o Kasa Kool ensina-nos a conviver, a crescer como pessoa". Proximamente publicarei a entrevista na íntegra. Obrigado Ginha ( a entrevistada, participante no Kasa Kool).

CASA VELHA: NOITES AFRICANAS




Ainda na pedalada apimentada pelo Lúcio, deixo aqui mais um testemunho das coisas que fazíamos na Casa Velha.Calha à vez às noites africanas. Tudo o que está no cartaz acontecia ( em 1992, eu tinha 21 anos) . Falta dizer que os jovens da cidade de Maputo topavam e aderiam aos diversos programas que criávamos e realizávamos na Casa Velha. O teatro era apenas a âncora. havia o Danjac e as suas revistas BID ( Boletim Infornativo Danjac) e o alvorada ( revista de artes e letras). Havia aulas de vídeo, de computador, saraus, papo até amanhecer, um pouco de xadrez e também as noites africanas. Creio que foram uma criação incentivada pelo Caldas Chemane ( abc, caxaca, flor...).


Das noites africanas muitas outras coisas giras surgiram. Julgo que uma delas, muito mais tarde, salvo erro, terá sido o grupo de dança tradicional Máscara. grupo no qual iniciaram-se hoje mestres e referências internacionais na dança como o alex ( coreógrafo), Célia ( actualmente em Cape Town ) e Panaibra Gabriel, expoente máximo africano da dança moderna a cintilar nos melhores palcos europeus e americanos ( conto trazer na segunda metade de Fevereiro uma entrevista ao panaibra).


funeral ( 2)

Quanto custa um funeral à família?

Procurando conhecer o custo de um funeral para uma família moçambicana, depois de uma busca na internet, obtive uma informação mais vasta: o custo comparativo do funeral em alguns países da sadc. Sempre ajuda saber um pouco mais.

África do Sul

Um estudo, feito em 2004, pelo Programa Conjunto de Economia, Sida e Pobreza (Jeapp, sigla em inglês), da Universidade de KwaZulu-Natal (UKZN), na cidade de portuária de Durban, na África do Sul, descobriu que para os cidadãos sul-africanos custava quase sete vezes mais para enterrar uma pessoa do que para cuidar de um parente seropositivo. Algumas famílias afetadas pela sida gastam até 30 vezes mais em funerais do que em cuidados com a saúde. O custo médio de uma cerimônia fúnebre tradicional gira em torno dos US$ 4,9 mil na África do Sul, segundo o Jeapp. A renda média anual das famílias é estimada em US$ 3,63 mil, segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). Os custos do funeral incluem o pagamento à empresa funerária, de aproximadamente US$ 325, além de gastos adicionais que vão desde a limpeza do corpo e outros rituais, até vestimenta, anúncios do enterro em rádios e jornais, animais para sacrifícios e alimentos e transporte para os parentes.

Swazilândia
os suazis gastam até US$ 980 em cerimônias fúnebres, embora estime-se que dois terços da população viva abaixo da linha de pobreza, com menos de um dólar por dia (segundo o Fundo Monetário Internacional).

Moçambique
Os pesquisadores do Departamento de Sociologia da Universidade Eduardo Mondlane, em Maputo, capital do país, demonstraram que um funeral custa, no mínimo, US$ 300, enquanto mais da metade da população vive abaixo da linha de pobreza. Centenas de dólares mais podem ser gastos em alimentos e flores para as visitas ao cemitério.

Botswana

Não é raro uma família gastar entre US$ 740 e US$ 920 num serviço fúnebre, enquanto o salário mensal médio de um trabalhador equivale a US$ 55.

NB:
Não percamos de vista o nosso exercício. Descontando o custo aqui apresentado, qual é o peso económico que tem a) as ausências ao serviço/escola dos que participam no funeral? b) ao Estado ( patrão) o uso dos seus meios ( viaturas, anúncios necrológicos) no funeral?