quarta-feira, 10 de setembro de 2008

CASA VELHA (1)

Em 1986 eu estudava na Escola Secundária Josina Machel, em Maputo. Na 8ª classe. Na altura, a escola "terminava" na 9ª. Creio que tenho algures ainda a composição mais ou menos completa da turma. Nome de cada um dos colegas e coisas assim.Um dos quais atendia pelo nome de José Machaieie. Acho que na moda estava o break dance. E a malta que estava a "dar" volta e meia era a mesma que faziam vibrar as claques da natação na piscina do maxaquene ( velhos colonos). Agora é a piscina da Associação de natação da cidade de Maputo.Embora eu não tivesse ido lá nunca, consta-me que o "Favo" era a mecca do break dance.Ficava nos PH do outro lado do famoso splah. Em Maputo.

O José machaieie era um colega bastante discreto e recatado ( fez engenharia. Não sei onde está.Mas das últimas vezes que o vi, Há uns 5 anos atrás- 2003- continuava discreto e muito fino no trato. Nas nossas conversas falou-me de umas peças de teatro que estavam a ser apresentada no teatro avenida.Tratava-se de "o que diz sim e o que diz não" e "quem me dera ser onda". Contudo, lembro-me mais desta última. Não sei bem porque. E um dia lá fui ao Avenida. Penso que entrei pelos fundos e acho mesmo que não vi quase nada da peça. Mas deu para sentir o perfume dos actores cá fora, no fim. Beijos, abraços, elogios. Hoje compreendo que aquele era um ambiente bastante fino e selecto. E aqueles actores eram mesmo estrelas.

Dias depois e devidamente aliciado pelo josé machaieie dei um pulo ao sítio onde aquele grupo de teatro ensaiava. na 24 de Julho, perto do supermercado cujo nome agora é...., e ao lado da antiga dependência do BPD da Maxquene ( foi lá onde o meu pai abriu a minha primeira conta bancária. No tempo da caderneta de poupança e da formiguinha...). Há ali uma rua enfiada.Que termina na Casa Velha. Mas eu não entrei por ai. Fui pela Patrice Lumumba. E entrei. Acho que encontrei um fulano a quem disse, a disparar " quero fazer teatro". Senta-te aí! acho que foi a resposta. Sem o saber estava a falar com o Machado da Graça. E fiquei para ali uns dez anos. naturalmente não sentado, mas, e pelo contrário, em doentio rodopio.

Conheci então a minha primeira e única família fora de casa. Família que me fez homem e personagem da história que neste blogue estou a escrever. No mesmo ano, em 1986, entrei para o Danjac. o Danjac e a Casa velha são os dois lados do meu coração. Por isso vou falar dos dois ao mesmo tempo.Lado a lado, como eles viveram e nasceram no coração de muitos de nós.Naquela altura,e para acomodar uma mania em vez de António Teodoro Miguel( só passei a usar o nome Ndapassoa nos princípios da década de 90), passei a assinar ATM. E o nome ficou. ainda uso-o e gosto maningue dele.