quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

CANHU







O canhu é definitivamente património gastronómico e cultural moçambicano. Tem andado a dita na boca de muitos moçambicanos. Pelas mais diferentes motivações e das mais diversas maneiras. A árvore da cuja chama-se canhu/oeiro. Do fruto faz-se uma bebida ( canhu, Ukanyu). A Tal que por estas alturas politica-se. Patrimonia-se. Deixo o registo fotográfico das principais fases do fabrico caseiro.

A DOUTRINA ECONÓMICA DA TEIA DE ARANHA ( SEGUNDA E ÚLTIMA PARTE)

Nota Prévia:Com pedido de publicação recebi este belo texto ( que publico tal e qual me chegou às mãos) do meu amigo e há muito desaparecido Andes Chivangue. Bem vindo amigo Chivangue.
A DOUTRINA ECONÓMICA DA TEIA DE ARANHA

ANDES CHIVANGUE1
Que aplicabilidade teria o SWED num momento em que o mundo vive dois fenómenos globais simultâneos, nomeadamente a integração regional e a globalização económica? A África, particularmente, encontra-se num processo de consolidação de blocos regionais e, nos primeiros estágios, o fenómeno transmite-nos a ideia de fecho a nível local ou regional. A globalização económica, sob os auspícios da Organização Mundial do Comércio, tendo como operadores do frontline o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial, preconiza a liberalização dos mercados a nível global.

Estes dois fenómenos, embora pareçam contraditórios, têm como objectivo principal a liberalização do comércio mundial. O fecho a nível regional pode ser visto como um momento de preparação para a abertura a nível global. Não obstante este raciocínio, não descuramos o facto de a integração económica, na concepção balassaniana, olhada no contexto do crescimento equilibrado, visar assegurar um mercado suficientemente vasto para o desenvolvimento paralelo de novas indústrias, podendo-se assim fazer o aproveitamento de economias de escala. O alcance da ideia de fecho estende-se apenas ao facto de, por exemplo, numa Zona de Comércio Livre os direitos (e as restrições quantitativas) entre os países serem abolidas, mas cada país mantém as suas pautas próprias em relação aos países não membros. Ou seja, todos aqueles países que não fazem parte do arranjo regional ficam impossibilitados de beneficiar dessa redução ou eliminação de direitos. E isto constitui fecho.

Pois bem, como podemos enquadrar o SWED no processo de integração regional? Se partirmos da assunção de Oneani, quando afirma que o dinheiro que entra numa comunidade e só circula entre os seus membros permite-lhes prosperar economicamente e garantir a sua auto-suficiência, constatamos que a curto prazo esta ideia parece estar em sintonia com os propósitos de um arranjo regional mas, se prestarmos atenção, vemos que a médio e longo prazos torna-se impraticável no tocante à liberalização do comércio global.

Por outro lado, nenhuma comunidade politicamente organizada é auto-suficiente em todas as esferas e na sua total acepção do termo. Se existisse alguma nessas condições teríamos aí um indiscutível argumento contra a globalização económica. Teorias como das vantagens comparativas, de Ricardo, dotação de factores, de Hecksher-Ohlin e outros clássicos não fariam sentido. É irrelevante dizer ao Sr. Oneani que existe um inesgotável acervo bibliográfico que se dedica a explicar a necessidade que os países têm de comercializar entre si. Por aqui podemos ver que a teoria do SWED é contrária à globalização económica, apresentando-se com um carácter localista e sua aplicação desenquadrada à actual economia política internacional.

A teoria do SWED foi concebida tendo como base, para a formulação das suas premissas, os hábitos económicos dos indianos imigrantes nos EUA. Oneani exorta aos afro-americanos e ao continente africano a adoptarem esta estratégia para serem bem sucedidos no mundo dos negócios. E para densificar a sua receita fala da Índia, como um dos vários exemplos do continente asiático, cujo sucesso assenta no SWED. Entretanto, o autor escamoteia muitos factores. O primeiro tem a ver com o facto de o SWED só ser praticável a curto prazo e por um pequeno grupo de indivíduos fora do seu país, região ou comunidade. Numa situação de imigrantes ou deslocados, os indivíduos tendem a desenvolver um grande sentido de solidariedade mútua, ajudando-se no que for preciso para poderem sobreviver.

O segundo factor prende-se com o seu argumento sobre o desenvolvimento em África e a sua fraca capacidade tecnológica. Embora este ponto fuja ligeiramente do âmbito desta discussão, importa ressalvar que o autor anda desatento ao debate, que está a acontecer em quase todo o mundo, em torno desta questão. Hungtington, numa co-publicação com Lawrence Harrison, intitulada Culture Matters, cometeu o mesmo erro de análise quando comparou as economias do Ghana e da Coreia do Sul, explicando de forma simplista que aquele primeiro país ficara atrasado devido a questões ligadas à cultura. Felizmente, esta comparação despropositada, feita sem ter em conta questões relacionadas com estruturas de classe, prioridades políticas e alfabetização, foi inteligentemente corrigida pelo Nobel de economia, o Professor Amatya Sen, no seu livro Identidade e Conflito: a ilusão do destino (2007: 147-148). Uma das vantagens que a Ásia leva em relação à África está relacionada com a aposta que aquela muito cedo fez na educação. Os asiáticos preocupam-se com a educação há Séculos e África não tem 100 anos de independência, excluindo o período colonial em que a educação tinha em vista garantir a manutenção do poder da metrópole.

O problema do subdesenvolvimento em África é complexo, com interconexões de carácter conjuntural. Um comportamento do tipo SWED num continente que só consome e nada produz (palavras do teórico Oneani) significaria matar as pessoas a fome a médio e longo prazos.
Chika Oneani perdeu a oportunidade de trazer uma discussão de capital importância nos dias de hoje. O SWED pode funcionar como um excelente argumento para rebater a crescente influência da tese do homo económicus que desde Adam Smith – seu precursor – aos tempos contemporâneos vem sendo desvirtuada a tal ponto que se tornou absolutamente inaceitável. De que forma se faria esse combate ao homem económico? Se o SWED apela para a interacção comunitária, o homem económico vai justamente no sentido oposto, valorizando o egoísmo individual como o motor do crescimento económico e desenvolvimento. Só esta pequena contribuição para a ciência já tornaria o autor de Capitalist Neeger útil tanto para os seus compatriotas nos EUA quanto para o mundo em geral.

Mas como ele próprio confessa, a sua preocupação prende-se com a acumulação de riqueza, incentivando os afro-americanos a adoptarem o capitalist neegerism - uma outra invencionice da sua cabeça. Suspeito que mesmo a publicação do seu livro constitua uma estratégia para ganhar dinheiro fácil, ludibriando os intelectualmente distraídos.


1 Docente na Universidade Pedagógica- Delegação de Gaza


Janeiro, 2009
BIBLIOGRAFIA
SEN, Amartya (2007), Identidade e Conflito: a ilusão do destino, Tinta da China edições, Lisboa

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

GINHA KOOL


Prometi faz tempo publicar a entrevista feita a uma das participantes do Kasa Kool. Trata-se de Ginha ( como gosta de ser tratada) ou Leokádia Luisa Mesquita. Estudante da 12ª classe residente na cidade da Beira. Além de estudar é modelo. Participou em vários concursos tipo kasa kool. Além deste último, também marcou-lhe o e participou no "Faces" 2008.
Pergunta: quantos anos tens?
Resposta: 19 anos

Pergunta: Como te chamas:
Resposta: Leokádia Luisa

pergunta: como te sentiste quando foste escolhida para o Kasa Kool?
Resposta: senti-me bastante feliz e com muita força de participar.
PS:
Está em curso o Big Brother Brasil. No google ou no yahoo o acesso é rápido e a reportagem é suculenta.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

VIAJANDO PELO MUNDO 2

Ressano Garcia, a primeira localidade retratada nesta nova e muito limitada série ( VIAJANDO PELO MUNDO), é atravessada pela auto-estrada Maputo-Witbank, que liga a cidade de Maputo a África do Sul. Ressano Garcia é uma vila fronteiriça. Que respira ao rítimo da fronteira.

Mais para o norte localiza-se a pacata vila de SÁBIE. mais "rural". Entrando pela sede do distrito de Moamba, percorre-se uma trintena de quilómetros num piso razoável. Vegetação exuberante ladeando a estrada.Os animais bravios de grande porte são vistos frequentemente por ali, leões e elefantes, mormente.

BI

Sábie: posto administrativo do disttrito de Moamba, uns 30 km para o norte, a partir da sede do distrito
Língua mais falada: Xangana
Energia Eléctrica: 24 horas
Rádio mais ouvida: Ligualaguala FM ; Jacaranda FM; Rádio Comunitária de Moamba; Emissor Provincial de Maputo- RM.EP
TV mais vista: SABC
Locutor mais conhecido ( o nome não está claro, mas pareceu-me Nwamba, da Rádio Comunitária de Moamba)Internet: não há local para acesso público e não está disponível na vila


legenda da foto ( recinto da escola primária completa: ao fundo salas de aulas. Primeiro plano: residências dos professores)

Director pedagógico da Escola Primária completa local em conversa comigo. O matagal que se vê foi objecto de comentário. O director assegurou que na semana do início das aulas, os "miúdos" limpariam o terreno. .. Não se pode dizer que haja descuido ou desleixo... está tudo planificado!