sexta-feira, 17 de outubro de 2008

A CRISE MUNDIAL NO DISCURSO DIRECTO

Nas últimas semanas o assunto que mais espaço e atenção tem facturado nos meios de comunicação mundiais é a crise financeira internacional.
Como no resto, a nossa pobreza não só nos garante o conhecimento tardio e avulso da questão, como também reagimos olimpicamente ao passo de camaleão, quando o resto do mundo aborda a questão com indisfarçável vigor e sentido de urgência.
O nosso alheamento tropical, que nos conduz inegável e ciclicamente ao desonroso lugar de espectador em banja própria, é algo infinitamente mínimo comparado com a ignorância que temos sobre o assunto. Ignorância alimentada por uma imprensa e uma classe intelectual que pauta por fazer ressonância no ouvido do povo intoxicando-o com triliões de biliões de milhões de dolares em títulos de falidas correctoras imobiliárias e blá blá...Bem, se quisermos, eu também não consigo penetrar na tal fechada linguagem. E não sei também como me dirigir em miúdos aos meus. Resolvi então pedir a alguém que vive num país desenvolvido (Espanha) para me contar na primeira pessoa como está a viver esta crise. Coloco então as seguintes questões:
1. Fora o caos nas instituições, como é que a crise está a reflectir-se na vida das pessoas?
2. Pode explicar exactamente o que é a crise com base num exemplo simples, se possível verdadeiro?
Siga o texto tal e qual me foi enviado.
De verdade é que seria muito longo de plasmar as situaçioes de desesperação que se vivem dia a dia, os casos que saem nos meios de comunicação são vários e todos sabemos que os casos se contam a milhões de pessoas, verdadeiros dramas humanos, miles de pessoas buscando na lata de lixo das lojas e supermercados, os comedores socias e as caritas estão cada dia mais cheias.
Sabes que aqui são muito orgulhosos, mais não tem outro remédio que dar as testemunhas dia sim e outro dia também.Já somos todos experto em bolsas, a crises nos está obrigando a fazer curso acelerado de analistas económicas, sabemos terminologia que antes solo usavam e conhecia os experto, não se fala de outra coisa estes donde este, as conversaçoes privadas se convergem mais a temas de crises, se está convertido em mono tema.
(...)
A crises esta a passar factura de uma forma incrível, as pessoas estão passando mesmo mal e tudo isto porque muitas pessoas viveram durante anos por encima de suas possibilidades, as pessoas mudavam de carros cada dia, apartamentos, viajes caros, etc, agora que os tipos de interés estão altos a asfixia é total, os embargos são a diário e muitas pessoas estão devolvendo as casas aos bancos porque a hipoteca subiu e muito.
Eu desisti de comprar o apartamento que estava comprando por o mesmo motivo, estou vendendo e isto é quase um milagro encontrar a um comprador é um verdadero milagro, espero poder vender o antes possível porque inverti todo o meu dinheiro.
A venda do meu apartamento esta nas mãos da promotora, é uma casa nova e como ainda não tinha feito a escritura e segundo o contrato de compra e venda eles estão obrigados a devolver-me o dinheiro que eu estava pagando, mais a condição de encontrar um comprador, espero que encontrem um comprador e se conheces a uma pessoa que quer comprar uma casa aqui, já sabes dá o meu número. http://www.grupomagallanes.com/promos_curso/interorocana.html Aqui podes ver o apartamento.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

ENGRAXADORES: QUEM OS CONTROLA?






O texto sobre engraxador mereceu um comentário. Com a permissão do autor, transcrevo a parte do fim ( o texto integral pode ser lido nos comentários ao artigo ENGRAXAR É MAIS CARO, postado no dia 14.10.08 : Se existem transportadores semi colectivos piratas, acredito que tambem ha engracadores piratas, ou melhor nao licenciados...quais as multas aplicadas a estes..QUEM OS CONTROLA...? aqui ficam as perguntas. Prometo retomar o assunto na segunda-feira. Muito obrigado ao meu amigo Ouri Pota, editor de um belíssimo blogue ( pode ver lá o programa completo das jornadas científicas do ISCTEM que decorrerão na próxima semana, em Maputo).

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

LÍNGUAS NACIONAIS E COMUNICAÇÃO (3 )

Esta é a terceira parte - a próxima será a última- da comunicação cuja publicação iniciei no dia 12.10.08)

Minhas senhoras, meus senhores. Estas experiências aqui apresentadas espelham uma parte da prática linguística da Rádio Moçambique e corporizam soluções circunstânciais que, entretanto, não podem ser consideradas as mais ideias nem definitivas. Há que procurar procurar elaborar uma política, como temos vindo a dizer, mais clara. Esta política deve necessariamente ter em conta que é impossível utilizar todas as línguas nacionais faladas no território nacional nas emissões da Rádio MOçambique. Mas deve procurar fazer reflectir a diversidade linguística regional incluindo o maior número possível daquelas que sejam veículos comunicacionais mais abrangentes.



já que estamos a falar de diversidade linguística e coisas afins, permitam-nos distintos presentes referir que o reino de aparente caos, indefinições e imprecisões não é propriedade exclusiva da Rádio Moçambique. Aliás, muitos dos problemas e cenários que acima descrevemos têm a ver com outras coisas. Por exemplo, nós temos dito de forma recorrente línguas nacionais. Como se fosse a coisa mais certa do mundo. Mas não é se calhar. E só olhar para o semblante desconfiado do Professor Ngunga ) Prof. Catedrático- Linguística-UEM). Não há ai também consensos. Fala_se de línguas nacionais como se fala de línguas nacionais de origem bantu. Alguns preferem apenas a expressão línguas bantu. Outros há que optam por dizer línguas moçambicanas, sem esquecer o anacrónico dialectos. Tanta coisa para referir a mesma realidade. Também não existe paz quando se tenta contar e nomear essas mesmas línguas. Ninguém sabe ao certo quantas são e como se chama cada uma delas. As diferentes abordagens fazem-nos saber ora da existência de X línguas ora de Y. Há línguas que aparecem em certa literatura desaparecendo misteriosamente noutras. Nalguns casos, certas entidades são consideradas línguas, noutras dialectos ou variantes e vice-versa. E isso,prezados, afecta a Rádio Moçambique. Para exemplificar, vejamos o caso do Tsonga. Integram-no o Ronga, Changana e Xitswa. para alguns linguistas, cada uma delas e uma língua independente da outra. Há quem argumente, entretanto, que língua é apenas tsonga, sendo as outras entidades apenas dialectos. E sendo que o emissor Interprovincial de Maputo e Gaza ( actualmente separados, existindo Emissor Provincial de Maputo e Emissor Provincial de Gaza) transmite a partir de Maputo, O Ronga e o Changana já tiveram emissões separadas. já tiveram uma emissão única, denominada emissão em língua tsonga, e agora voltaram a ter emissões separadas. Administrativamente isso obriga a uma continua reestruturação do quadro de pessoal, programação, etc. E no que da o Vagueness.(continua)

terça-feira, 14 de outubro de 2008

CIDADE DE MAPUTO; 13H45; RUA DA BEIRA


LÍNGUA MATERNA


Na última sexta-feira, 10.10.08, o Departamento de Ciências da Comunicação e linguagens da Universidade A Politécnica organizou, nas suas instalações em Maputo, uma mesa redonda sobre as línguas bantu. O evento decorreu no âmbito da indicação pelo unesco de 2008 como o ano da valorização da língua materna.



Foram oradores Sara Jonas e Pércida langa, linguistas e co-autoras dos dicionários de Gitonga e Ronga, respectivamente e o Padre Dionísio Simbe, autor do dicionário em Cisena. No debate, das perguntas feitas destaco as seguintes:

1. Qual foi o contexto e a motivação para a construção dos dicionários?
2. Porque é que, conscidentemente, os últimos dicionários publicados em Moçambique, das línguas bantu moçambicanas ( LBM), são bilingues no sentido LBM-Português?


Respostas

1. A construção do dicionário foi decidida: a)no âmbito académico; b) por um financiador c) por decisão pessoal;

2.os dicionários são bilingues porque: a) o dicionário monolingue é muito mais exigente do ponto de vista filosófico(sic); b) porque pode ser útil ao processo de construção do sistema de ensino bilingue em curso no País.

As minhas impressões


  • gostaria que o tema tivesse levado mais pessoas ao local;
  • foi óptima a ideia de convidar e dar oportunidade a um músico e um declamador de poesia mostrarem a sua arte;
  • infelizmente,o conhecimento sobre conceito de língua materna e a consciência sobre a realidade linguística moçambicana pareceram-me deficientes.



segunda-feira, 13 de outubro de 2008

engraxar é mais caro


o engraxador de sapatos que habitualmente me presta serviços chamou-me atenção para o facto de o preço de "engraxar" ter subido de 7.50 para 10 meticais ( sapato normal). A medida, tomada numa reunião havida na passada quinta-feira na associação dos engraxadores da cidade, devia entrar em vigor esta segunda-feira, 13.10.08. . Aproveitei a ocasião e fiz 3 perguntas:



1. O preço para engraxar sapatos de homens e mulheres é o mesmo?

R: Sim. O preço é o mesmo. Mas mulheres discutem muito e eu acabo sempre por baixa. Agora que o preço subiu para 10 meticais, às mulheres cobro 7.5 mt.

2. Os engraxadores pagam impostos?quanto e que tipo ?

R: Não sei (depois de algumas explicações conclui que o que se paga é uma taxa fixa anual por alturas da renovação da licença).

3. ao fim do mês ganha mais do que o salário mínimo?

R: (risos) o que ganho dá para viver.

- mas quanto ganha por semana...

R: ....

- uns 200 mt...350... ( um vendedor de recargas de celular que está estabelecido ali próximo, confirma )



Nota:

se essa for a média semanal,certamente o meu entrevistado deverá uns 1200-1500 mt\mês, no mínimo.

CASA VELHA (2)


Na última postagem sobre "casa Velha", no
fim texto, deixei entender que ia mostrar
uma lista de peças de teatro exibidas pela
Associação cultural da Casa Velha, dizendo
vide imagem acima. Mas não havia nenhuma
imagem com a tal lista. O que o faço desta
vez, com um pedido de desculpa.

LÍNGUAS NACIONAIS E COMUNICAÇÃO (2)



Dou seguimento a apresentação da comunicação que partilhei no seminário de reflexão sobre a Rádio e Televisão realizada na Cidade da Beira no ano 2000. Chamo a atenção para o facto de alguns dados citados estarem ultrapassados ( indiquei com * e ** os mais evidentes).

A questão imediata que se colocou à Rádio Moçambique é: transmitir sim em Línguas Nacionais,mas em quais. Os Estatutos da Rádio Moçambique dão a resposta: nas línguas moçambicanas mais faladas em cada província. Aí o programador ( e o decisor) de rádio pergunta: quantas línguas faladas devem ser consideradas as mais faladas( em cada província): quatro, três ou apenas duas? A Rádio Moçambique abraçou diferentes critérios, partindo da análise caso a caso. è verdade que Rádio Moçambique um único entendimento sobre esta matéria, mas o resultado denuncia o manuseamento de muitas visões. Na Zambézia, por exemplo, transmite em duas línguas nacionais; em Inhambane em 3 ( em certo momento, introduziu uma quarta- o CiNdau); em Cabo Delgado, 4...

Deste cenário multilingue emerge um outro problema. Quanto tempo de antena deve ser atribuído à qualquer uma das línguas nacionais em questão? aqui a Rádio Moçambique optou, no geral e no espírito, por estabelecer uma relação proporcional entre tempo de antena e número de falantes. Porém, o resultado é muito complicado e de certa forma contraditório. Por exemplo, o Makhuwa, em Niassa tem de emissão diária 1 hora e é falado por 48 % da população. O Cinyanja, com 8 %, tem 4 horas diárias *. Temos ainda caso da língua sena que é falada por 8 % da População na Zambézia, 12 em Tete, mas não é transmitido naquelas províncias. O Kimwani, porém, com apenas 6 % de falantes em Cabo Delgado, tem duas horas de emissão. O Português, apesar de ter nitidamente poucos falantes, em todo o território nacional, ocupa nos emissores provinciais cerca de 45 % do tempo de transmissão **. Há muitas razões que explicam este estado. Mas avulta o princípio de ser língua de unidade nacional; o de ser língua de ensino; língua, portanto, oficial. E , por fim, é indiscutível que o português é a língua cuja distribuição inter-regional supera qualquer outra falada em Moçambique.

As diferentes maneiras de falar uma mesma língua também proporcionam alguns constrangimentos. Dentro do ndau,por exemplo, falado na província de Sofala, há inegáveis diferenças.Por exemplo, o Cindau falado na cidade da Beira e o de Machanga, mais a sul, não é igual. Alguns críticos podem dizer que este problema não atrapalha a comunicação; que as pessoas acabam entendendo-se. É verdade, sim senhor. Mas cada um fala e ouve com mais agrado a variante que os pais e avós lhe ensinaram. E mais. Existe uma tendência para rejeitar ou estranhar outras formas de falar a mesma língua. Contudo,a própria comunidade de falantes da mesma língua acaba elegendo uma das variantes como a de referência ( ou franca, ou de maior estatuto) que é aceite, falada e compreendida por todos. Tem sido esta variante que a Rádio Moçambique selecciona para as suas emissões. Na falta desta aceitação ( compromisso) tácita a este nível, são convocados outros elementos sócio-linguísticos, tais como políticos,económicos, históricos,sociológicos,localização geográfica, etc. (continua)


domingo, 12 de outubro de 2008

LÍNGUAS NACIONAIS E A COMUNICAÇÃO

No ano 2000 fui convidado a apresentar umas ideias num seminário de reflexão sobre a rádio e televisão. Sob a perspectiva da "experiência da utilização das línguas nacionais na Rádio Moçambique" elaborei e apresentei um texto com o título línguas nacionais e a comunicação. Aproveito a ocasião para agradecer, pela confiança, aos amigos Manuel Veterano e Julieta Langa, de cujas mãos recebi o convite.


Ora, como o próprio título já informa, devíamos falar das Línguas Nacionais e da Comunicação. Devíamos mas não o faremos. Não o faremos porque,embora desconfiemos saber o que é comunicação, falar dela, em toda a sua amplitude e complexidade, com a paixão necessária, exige outro tipo de capacidade e conhecimentos que, sinceramente, não possuímos. Por isso, e se os presentes a mesa não se importarem, teremos por objecto a prática e experiência da utilização das línguas moçambicanas na Rádio Moçambique.


Ao falarmos deste tema, imediatamente, algumas perguntas se impõem: Que importância têm as línguas nacionais no funcionamento de uma empresa do sector público da comunicação como é a Rádio Moçambique? Que interesse tem falar deste assunto já por demais aflorado e sobre o qual parece que todos sabemos alguma coisa e está tudo dito? E, por último, que direito nos assiste de vos ocupar com uma reflexão que, como verão, poucas novidades apresenta?


A resposta à primeira questão encontra-mo-la na Constituição da República e nos Estatutos da Rádio Moçambique. Se a Constituição da República, no seu artigo quinto, peca por ser demasiada oca na sua formulação, os Estatutos da Rádio

Moçambique, apesar de serem mais explícitos não avançam muita coisa aí além. O artigo quarto, por exemplo, indica que um dos fins genéricos da radiodifusão da Rádio Moçambique é e cito " promover e divulgar a língua portuguesa e as línguas moçambicanas", fim da citação. É no artigo sétimo, na sua alínea b, que se avança um pouco mais. Diz-se aí que a Rádio Moçambique emitirá " pelo menos uma emissão de âmbito provincial em português e nas línguas moçambicanas mais faladas em cada uma das províncias". Se analisarmos com profundidade as duas citações, pelas suas implicações, veremos que elas desencadeiam quase a mesma significação; respeitam a mesma estratégia de alguma indefinição, de ausência de compromissos; de muita superficialidade no trato. Há, portanto, necessidade de uma formulação menos vaga e mais clara nos objectivos, estratégias e nos procedimentos. Os senhores aqui presentes sabem certamente do estamos aqui a falar. E foi procurando mitigar esta lacuna que nas últimas duas décadas a Rádio Moçambique desdobrou-se em inúmeros seminários e reflexões sobre as línguas Moçambicanas ( continua).



VIVA MAMBAS


Com a vitória conseguida ontem em Gaberone ( 0-1), os mambas ( nossa selecção nacional de futebol) ficam mais próximos de se qualificarem para o CAN e mundial de 2010. Tudo depende agora de jogo de aritiméticas.


Não estive na cidade de Maputo para testemunhar como o jogo foi acompanhado e festejada a vitória. Mas dizem-me que em alguns bairros periféricos houve alguma animação, com direito a buzinadelas e tudo o mais. Esta manhã, pude constatar que o número de bandeiras içadas (nos chapas,no xiquelene e na rua da Beira, próximo do aeroporto) continuava alto. E muitos jovens vestiam camisetes vermelhas- cor das camisetes do equipamento oficial dos mambas- ( com ou sem símbolos nacionais).


Sobre esta forma de os da periferia darem visibilidade ao apoio aos mambas ( património emocional nacional) tenho as seguintes perguntas:


a) partindo do princípio de que o residentes na cidade de cimento também ficaram felizes com o resultado do jogo, como é que o exteriorizaram?

b)caso tenham sido mais "modestos" ou " discretos" o que estará na base desse comportamento menos "visível"?

c) caso os residentes da cidade não o tenham feito desta vez, porque razão, quando equipas portuguesas, por exemplo, incluindo a própria selecção, jogam, registam-se na cidade passeatas, visionamentos colectivos em locais públicos ( restautantes, etc)?

d) que relação podemos estabelecer entre a forma como a periferia constroi e exterioriza o seu sentimento pelos bens emocionais nacionais ( vitória da selecção nacional) e o exercício da cidadania ( o 5 de Fevereiro, por exemplo)?

e) se se concluir que a periferia tende a denuciar e afirmar a sua exclusão através de uma maior vigilânicia e maior capacidade de mobilização e exteriorização de sentimentos de cidadania, o posicionamento historicamente verificável de afirmação ( através da flagelação do PODER) da cidadania da Beira e Beirenses é causado por um sentimento similar de periferia?

CASA VELHA (2)


Em 1986, como terei dito na apresentação da secção "danjaquina", entrei pela primeira vez na "casa Velha". A " casa velha", como se sabe, é a mais emblemática associação cultural que existe em Maputo. O nome vem do edifício que é sede e é onde funciona a dita associação cultural. Porque é um edifício inegavelmente velho ( hoje, mais de 20 depois, a casa continua cada vez mais inegável e insustentável e perigosamente velha) os fundadores da associação decidiram, nada melhor e mais original, chamar ao sítio " Casa Velha". Na altura estavam em cartaz duas peças ( o que diz sim e o que diz não- Bertolt Brecht; e quem me dera ser onda-adaptado de um romance homónimo de Manuel Rui).

Como já vinha sendo hábito, passei uma parte das férias escolares desse ano na Beira,onde vivia a minha mãe e mais dois irmãos. A propósito, recuperei uma guia de férias que nos era dada na escola. A mesma servia para apresentarmos no local onde fossemos passar as férias, garantindo que tínhamos feito as "actividades de férias" nalguma unidade produtiva...

Assim, não me recordo se foi ainda em 1986 ou em princípios do ano seguinte, 1987, o Machado da Graça ( salvo erro da memória) trouxe-nos um texto de um outro autor africano e começamos a ensaiar. Era a primeira vez que participava numa peça " à serio".

Na " Casa Velha" não havia esquisitices. Todo o gajo que aparecesse entrava para o grupo de trabalho. No início fazíamos "exercícios de preparação de actor" que era mistura de alguma preparação física ligeira e exercício propriamente para actores: mímica, projecção de voz, improvisação, etc. Desta maneira, num dia podíamos estar na sala uns trinta jovens(O que fazia estalar consideravelmente o chão de madeira da sala de ensaio) para no dia seguinte sermos somente uns 7. Nada parava nem mudava.

Depois do ensaio, entregava-mo-nos às mais diversas ocupações. A mais importante era estudo das matérias escolares. Outros preferiam colar-se à televisão. Havia também um laboratório de fotografia, uma pequena mas bastante famosa biblioteca, mesa de ping pong. De resto, a casa velha, era uma das mais equipadas instituições culturais e recreativas da cidade. No nosso armazém havia de tudo e nossa criatividade explorava aquilo e a paciência do Machado da Graça até ao limite. Nisso contávamos com a cumplicidade sempre bem disposta do Luís Soeiro, que embora fosse da " idade " do Machado, muitas vezes, e de forma disfarçada, divertia-se mais connosco, os jovens.

Quando começamos a ver o texto e a construir os personagens, comecei por fazer parte " da escolta" de um " alto funcionário". Na história, claro. o tipo era tão importante que tinha escolta e andava numa espécie de " machila". Era o "mbia" interpretado por Luís Soeiro.

Foi a minha entrada para o mundo do teatro. E três pretendentes um marido foi uma ( de entre várias, vide a imagem acima) das peças que iniciou uma revolução em Maputo e Moçambique.


13º salário- Gratificação natalina

Na postagem de 9 de Outubro introduzi o tema 13º salário. Referi na ocasião, basicamente, que o mesmo no Brasil é pago em parcelas mensais. No fim deixei duas perguntas :
a) no nosso país o 13º salário é suficientemente "regulamentado"? e b) o que acham da ideia de se pagar em Moçambique o 13º por antecipação ou parcelamento?
Ouvi a opinião de dois funcionários seniores de uma grande empresa ( Director de Recursos Humanos e chefe do Gabinete do PCA, um economista e o outro um jurista). Respondendo à segunda questão, basicamente, os dois pensam que seria "interessante" parcelar ou antecipar o pagamento do 13º. Perguntei se isso interfereria com a especulação que se verifica na altura em que a maior parte das empresas pagam o 13º ( Dezembro-Janeiro) que é também quando os preços mais crescem. A resposta de ambos foi igualmente " sim".
Para melhor discutirmos o assunto, trago mais alguns dados.
o 13º salário também é conhecido como gratificação natalina. No Brasil, o seu pagamento, a partir de 1962 é obrigatório e é extensivo a todos os assalariados ( empregados domésticos, aposentados, etc) a partir de 1988. Para o seu pagamento é utilizada a seguinte fórmula: salário : 12 x número de meses trabalhados. Há algumas ressalvas. Por exemplo, não é pago o mês em que o trabalhador tiver tido mais de 15 faltas justificadas. E mais, rendimentos extra, como sejam os casos de gorjetas,, comissões, hora extra, também são contados para o cálculo.
* obtive estas informações na Internet através do google.