quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURA DE UMA RÁDIO PÚBLICA(2)

Prossigo o exercício de construir um canal de serviço público, discutindo um dos elementos de base: a caracterização do auditório. Como disse no primeiro artigo da série, o resultado que se pretende é apenas " uma hipótese" e os ingredientes usados na receita são reais.
O estudo das audiências ocupa um lugar privilegiado nas teorias da "comunicação social". A literatura da área indica-nos que a valorização da audiência surge como superação e desenvolvimento dentro da communications research ( Wolf, 1985: 26) protagonizados, por exemplo, por um Lasswell ( 1948) que já se concentra nos efeitos e nos conteúdos, deixando para trás a perspectiva hipodérmica. O desenvolvimento do interesse sobre os efeitos leva a uma investigação mais aprofundada sobre a audiência, ora tomando-a como um universo compacto, uniforme, inanimado, ora progredindo em análise mais "atomizada", centrando mais no indivíduo; ora elegendo como núcleo de atenção as " massas dinâmicas" dentro da chamada indústria cultural ( Adorno, 1951: 3). O grande debate que se levanta então é sobre a caracterização do auditório, sua dinâmica interna e relacionamento com os media.
Para compreendermos o relacionamento entre o auditório e o media, tal como Meditsch ( 1999: 85) assumimos que a mediação do público ( auditório) está presente não apenas na etapa posterior à emissão, mas também numa etapa anterior, como a intencionalidade que a orienta.
No contexto de Rádio de Serviço Público esta mediação do público exibe três estágios, os quais agem simultaneamente sobre o esforço de desenho da programação: a) O Público, como cidadão; b)Competências dos gestores e decisores;c) dinâmica da sociedade.
O Público como cidadão: Nesta qualidade, a Constituição da República, a Lei de Imprensa, o Governo do dia e os Estatutos/mandato do SPR, configurados pela atitude do cidadão-povo, já definem com algum rigor, através da prescrição de perfil, objectivos " política linguística", o fram-work da programação. Competirá posteriormente aos gestores do serviço publico definirem uma estratégia que será aplicada pelos decisores e gestores do canal.
Competências dos gestores do canal: muitas vezes os gestores do canal baseiam as decisões na experiência ( saber fazer). O conhecimento daí obtido poucas vezes é pigmentado ou estruturado com base em análise de estudos de audiências ou outros conhecimentos científicos. A competência técnica individual substitui objectivos institucionais e o feed-back do auditório.
Dinâmica social:Os acontecimentos protagonizadas ou que envolvem as audiências interferem na consumação de uma programação. Este elemento é, portanto, circunstancial, mas condiciona continuamente as decisões dos gestores do canal. ( continua)

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